Eleitor de Bolsonaro, oficial de Justiça ameaça professores em PE

Para o ex-tenente, a vitória de Jair Bolsonaro valida atos de perseguição a "professores doutrinadores"

30/10/2018 20:51

Oficial de Justiça pernambucano propõe perseguição a “professores doutrinadores”
Oficial de Justiça pernambucano propõe perseguição a “professores doutrinadores” - Reprodução/Instagram

A eleição de Jair Bolsonaro para o posto de presidente da República pode significar um perigo para a liberdade da educação brasileira. Isso porque ameaças contra professores têm surgido nas redes sociais, com pessoas públicas simpáticas ao militar se empenhando em amedrontar professores.

Depois do caso da deputada catarinense filiada ao PSL, mesmo partido de Bolsonaro, estimular a perseguição a “professores doutrinadores” no estado sulista, foi a vez de um Oficial de Justiça de Pernambuco propor algo semelhante.

Em seu perfil no Instagram, rede social em que é seguido por mais de 10 mil pessoas, o ex-tenente-advogado do exército Rogério Magalhães, que se intitula “cristão” e “conservador”, fez uma postagem alertando os estudantes recifenses para a possibilidade de denunciarem “professores doutrinadores”. Tal prerrogativa, segundo Magalhães, passou a ser validada após a eleição de Jair Bolsonaro.

“Estudante recifense, com a eleição de Bolsonaro, é possível que ‘professores’ doutrinadores façam de suas salas de aula verdadeiros palanques. Filme ou grave qualquer caso de doutrinação e nos envie pelo WhatsApp. Fixar ideologia política na cabeça dos alunos não é papel do verdadeiro professor”, afirma o oficial.

Nos comentários da publicação, alguns internautas criticaram a proposta de perseguição aos professores e questionaram Rogério se ele tem se empenhado em saber como anda o funcionamento das escolas públicas do país, em vez de incitar a perseguição aos docentes em sala de aula.

“Eu acho que ao invés de ficar incentivando perseguição no ambiente de aprendizado, deveria era incentivar que mandassem fotos das escolas para os vereadores e deputados para mostrar como anda caótico os prédios. Seria mais útil, bem mais útil e não ensinar a ficar perseguindo. Eu, se fosse sua mãe, teria vergonha desse comportamento”, afirmou uma internauta.

“Você já se preocupou em verificar se todas essas escolas estão bem equipadas, tem ao menos ventilação, merenda, carteiras que não estejam quebradas, quadros, se tem condições de alojar os alunos? Fica esse questionamento”, escreveu outra.

“Doutrinar é privar alunos de conversar sobre política em sala de aula! A educação é a única arma que esse país precisa! E vocês querem tirar ela da gente”, afirmou um terceiro.

Até o momento, Jair Bolsonaro não comentou qualquer ato praticado por seus eleitores ou mesmo por políticos ligados ao seu partido, como é o caso da deputada catarinense.