Golpista do Tinder brasileiro: Polícia passa a investigar mineiro de 33 anos

Rafael Correa de Paula se passava por herdeiro e administrador de fazendas, além de ostentar uma vida de luxo, incluindo viagens internacionais

Um empresário da Paraíba de 38 anos, que não quis se identificar, conheceu o “Golpista do Tinder brasileiro”, que se chama Rafael Correa de Paula, de 33 anos. O falsário fingia ser herdeiro e administrador de fazendas, se exibindo em registros nas redes sociais com roupas e acessórios de grife, além de mostrar que viajava na primeira classe para destinos luxuosos, como Dubai, Emirados Árabes, Grécia e até para o Deserto do Saara, na África.

Golpista do Tinder brasileiro: Polícia passa a investigar mineiro de 33 anos
Créditos: Reprodução/Instagram
Golpista do Tinder brasileiro: Polícia passa a investigar mineiro de 33 anos

O romance entre os dois iniciou após eles se encontrarem pela primeira vez na orla de Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro, semanas após as conversas no aplicativo de relacionamento. Eles, então, começaram um relacionamento mais sério e o empresário recebeu convite para acompanhá-lo nas viagens para outros países, com a promessa de que era possível conseguir ótimos preços de passagem com desconto de milhas que ele estava acumulando. Com posse do cartão de crédito, o homem chegou a desembolsar aproximadamente R$ 70 mil apenas com passagens de avião e hospedagem.

Acreditando ter passado por um golpe, ele resolveu que queria terminar. Porém, segundo ele, começou a ser perseguido pelo ex-companheiro. Dentre as peripécias que o golpista teria feito estão: perfis falsos nas redes sociais para publicar informações com objetivo de prejudicar a imagem, utilização de dados pessoais e bancários para realizar compras de altos valores, solicitação de cancelamento dos cartões de créditos e pedido de estorno de valores já pagos pela ex-namorado.

Polícia está investigando o caso

Atualmente, as polícias civis do Rio e de São Paulo estão investigando o comportamento de Rafael Correa de Paula — que tem semelhanças com o “Golpista do Tinder”, série da Netflix que aborda a história de mulheres enganadas pelo israelense Shimon Hayut, que se passava pelo filho de um magnata de diamantes para cometer golpes. Nos dois estados, existem inquéritos abertos pelos crimes de estelionato, ameaça, difamação, lesão corporal e denunciação caluniosa.

“No início, a conversa e a companhia eram agradáveis, mas, com o tempo, passei a ter certeza de que era tudo uma farsa”, falou o empresário que sofreu golpe.

O empresário foi a 14ª DP  do Leblon, onde registrou um boletim de ocorrência depois de Rafael invadir o prédio onde mora, no Arpoador. Já o falsário foi até a 13ª DP, em Ipanema, alegar ter sido vítima de socos e chutes por parte do empresário. Nesse inquérito, imagens de câmeras de segurança desmentiram a versão do golpista, e ele foi indiciado por atribuir falsamente um crime ao ex-companheiro.

Rafael Correa de Paula é o Golpista do Tinder Brasileiro
Créditos: Reprodução/Instagram
Rafael Correa de Paula é o Golpista do Tinder Brasileiro

Outras denúncias

Na 78º DP, localizada no bairro do Jardins, Rafael responde a um inquérito por, depois de terminar relacionamento de dois anos e meio com um arquiteto, impedir o ex de deixar seu apartamento, segurando seus braços e pescoço. Na distrital, o homem contou ser vítima de violência psicológica, ameaça e constrangimento.

Já na 13º DP, em Campinas, ele é acusado de lesão corporal por ter supostamente dar um tapa em uma mulher que trabalhava como caixa de mercado depois dela dizer que não teria troco para R$ 100. Ela entrou com um pedido, no Juizado Especial Cível da cidade, de uma indenização de R$ 14 mil por danos morais.

Na 1ª Vara Cível do Fórum de São Paulo, uma proprietária de apartamento no Bairro Jardim Paulista o executou cobrando R$ 4.900 do contrato do imóvel alugado por ele.

Passagens de avião

Rafael é réu em processo na 2ª Vara Criminal de Ribeirão Preto por ter, usado dados de outro homem, contratado três pacotes de viagem no valor de R$ 2.300 de uma agência de turismo, através de um financiamento. De acordo com denúncia do Ministério Público, a vítima só se deu conta que tinha sido vítima do golpe ao tentar abrir conta bancária e ser informado da restrição que havia em seus dados cadastrais por conta da dívida.

“O denunciado obteve para si vantagem ilícita, induzindo e mantendo a empresa a erro, mediante ardil”, disse o promotor Maurício Lins Ferraz.

Ao prestar depoimento na 1º DP, em Ribeirão Preto, Rafael disse ter estudado com a vítima por três anos em um colégio particular de Frutal, no interior de Minas Gerais, tendo mantido laços de amizade com ela até entrarem em atrito por “motivos banais”. Para o delegado Udelson Canova Simionato, ele falou que o financiamento foi autorizado pelo rapaz. Na delegacia, Rafael afirmou não saber o motivo pelo qual “duas parcelas ficaram em abertas”, porém chegou a mostrar comprovação de quitação de débitos.