Hamilton se desculpa após dizer que ‘meninos não usam vestido’
O piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton gerou revolta nas redes sociais na última terça-feira, 26, ao publicar em seu Instagram um vídeo do sobrinho fantasiado de princesa.
No registro, ele declara estar decepcionado porque o pequeno lhe pediu um vestido de presente de Natal, e afirma, aos gritos, que “meninos não usam vestido!”, enquanto o garoto aparece brincando e rindo”. Assista:
A postura do britânico foi duramente criticada pelos seguidores, e Hamilton decidiu apagar o post. Hoje, publicou um pedido de desculpas e se explicou, classificando seu comportamento como “inapropriado”:
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“Não queria dar bronca e nem queria ofender ninguém. Amo que meu sobrinho se sinta livre para se expressar do jeito que ele queira”, disse ele.
“Minhas profundas desculpas por meu comportamento. Me dei conta que não é mais aceitável no mundo de hoje marginalizar alguém ou estereotipá-lo. Sempre apoiei as pessoas para viverem a vida delas do jeito que elas querem. Espero que me perdoem por esse lapso de julgamento.”
Por que o assunto é sensível?
Falar de gênero na infância é parte fundamental de uma educação pautada na igualdade e atenta às necessidades emocionais da criança.
A afirmação “meninos não usam vestidos” restringe as crianças a papéis de gênero socialmente construídos. Porém, sobretudo na primeira infância, os pequenos costumam ser fluidos em suas manifestações de gênero, brincando com acessórios considerados “de menino” da mesma forma como experimentam brinquedos vistos como “de menina”.
É o que explica a neuropsicóloga Ana Carolina Del Dero, do AMTIGOS ( Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual). Para ela, a preocupação com o gênero é algo dos pais, pois a criança vivencia esse processo de forma muito natural.
“Acreditamos que o atendimentos aos pais é ainda mais importante do que o da própria criança. Na maioria dos casos, os pais estão mais angustiados com a questão de gênero do filho do que a criança. A maior angústia dos pais é “mas meu filho é trans ou não é?”, e a gente não tem como afirmar isso. É ela quem vai dizer”.
A profissional explica que a vivência do sexo biológico só passa a ser um problema quando a criança demonstra sofrer com alguma “incongruência de gênero”, ou seja, quando ela não se identifica com seu sexo de nascimento e passa a apresentar transtornos de ansiedade, depressão e outras morbidades psicológicas. Clique aqui para ler a entrevista completa com a especialista.
Para se aprofundar nessa reflexão, assista ao vídeo em que a psicóloga fala sobre o assunto:
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