Jair Bolsonaro indica ‘censura’ ao Enem e gera revolta na web
O presidente eleito afirmou que questões sobre a diversidade, como dialeto das travestis, não serão aceitas em sua gestão
O presidente eleito do Brasil Jair Bolsonaro voltou a criticar questão do Enem sobre o “dialeto secreto das travestis” e afirmou que, a partir de 2019, questões do tipo não serão mais aceitas na prova do Exame Nacional do Ensino Médio.
Em uma live no Facebook nesta sexta-feira, 9, o militar disse que em seu governo as questões do Enem serão revisadas para evitar novas perguntas como a do Pajubá e declarou que o futuro ministro da Educação precisará compreender que “o Brasil é um país conservador”.
“Precisamos de um ministro [da Educação] que entenda que nós somos um país conservador […] Não vai ter questão dessa forma [referente ao Pajubá] no ano que vem porque nós teremos acesso à prova antes”, afirmou ele.
A fala do presidente foi entendida como uma forma de censura à inclusão de perguntas sobre diversidade no Exame Nacional do Ensino Médio e gerou revolta na web.
Confira:
https://twitter.com/itilauro/status/1061035368819109888
Ouvindo o asno falar sobre o ENEM no Jornal Nacional me deixou com uma mistura tão grande de revolta e frustração
— ariana casagrande (@thllx) November 9, 2018
Na verdade mostrou em rede nacional no Jornal Nacional que não entendeu a questão, não sabe pra que serve o ensino médio e nem o Enem e se entendeu ele está agindo de má fé. E não, não foi a ~militância LGBT que fez a questão. Está esquartejado a inteligência dele mesmo. https://t.co/KLeGZ56MEj
— Danilo Maciel (@Danmmaciel) November 9, 2018
A live vergonhosa do Presidente do Brasil no jornal nacional. É inaceitável, o cara está recriminando a questão do enem até agora, fez desdém sobre ideologia de gênero. Continua agindo como um deputado que vai com frequência no super pop. Parabéns aos envolvidos ?
— Rah ?♀ (@RahTweetando) November 9, 2018
O Enem ano que vem vai ser todo cristão
Jornal nacional— is bitch (@carlindoooo) November 9, 2018
O Jornal Nacional mostrou Bolsonaro falando um monte de asneiras e não deu espaço para nenhum contraditório. Não se dignaram nem a procurar o Ministério da Educação para comentar o que Bolsonaro falou sobre a questão do ENEM que ele tem criticado. Deprimente.
— Rafael Rodrigues (@rafaelrodrigues) November 9, 2018
A questão era sobre as características de dialetos
Um dos objetivos do ensino médio é preparar para o ensino superior. Imagine querer ser publicitário e chegar na faculdade sem saber linguística. É como chegar na faculdade de engenharia sem saber calcular.
Jornal Nacional
— Danilo Maciel (@Danmmaciel) November 9, 2018
Entenda
Durante a aplicação do primeiro dia das provas do Enem uma das questões de linguagem, códigos e suas tecnologias versava sobre o “Pajubá” espécie de dialeto da comunidade LGBT – que engloba gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis.
Na questão, discorria-se sobre o dialeto que tem origem no iorubá, mas que ganhou adaptação, principalmente, pelas travestis.
A pergunta foi uma das mais repercutidas e celebradas pelos internautas que reconheceram a importância do tema em um exame a nível nacional. Por outro lado, simpatizantes da extrema direita rechaçaram o questionamento, apontado, inclusive pelo futuro presidente da República, como uma “doutrinação”.
Em entrevista ao Datena, no Brasil Urgente da Band, na segunda-feira, 5, Jair Bolsonaro já havia feito críticas à questão, classificada por ele como uma “doutrinação desacerbada (sic)”.
“Um vexame você ver o que cai na prova do Enem, uma doutrinação desacerbada. Vou fazer o possível para fazer o Brasil diferente, construir e desconstruir o que foi feito até o momento. Não tenho implicância com LGBT, mas uma questão de prova que entra na linguagem secreta de gays e travestis não mede conhecimento nenhum”, afirmou na ocasião.