Jornalista da Globo rebate homofobia ao vivo e viraliza

Jessica Senra fez um desabafo enquanto noticiava um caso de violência na Bahia

Jessica Senra, apresentadora do ‘Bahia Meio Dia’, da Rede Globo, fez um desabafo histórico sobre feminismo e explicou a importância do combate ao machismo e à homofobia. A âncora noticiava o caso de violência em Camaçari, região metropolitana de Salvador, em que Marcelo Macedo foi agredido a tiros por beijar outro rapaz em um bar.

Jessica Senra, âncora do Bahia Meio Dia, deu uma aula ao vivo
Créditos: Reprodução/TV Globo
Jessica Senra, âncora do Bahia Meio Dia, deu uma aula ao vivo

“Segundo a vítima, o suspeito perguntou a ele, ao Marcelo, se não tinha vergonha de fazer ‘isso’ na frente de pais de família. ‘Isso’ era carinho, era beijo. Quer dizer, beijar, fazer carinho em alguém, na cabeça do homofóbico ofende, mas agredir e tentar matar não ofende?! A homofobia é isso, é ignorância, é falta de qualquer lógica. Uma das explicações pra homofobia é que ela tem a ver com o machismo, com a ideia de superioridade do homem sobre a mulher. Perceba que muitos homossexuais são chamados de ‘mulherzinha’, como se isso fosse ofensivo, como se ser mulher fosse uma ofensa. Porque o modelo de homem na nossa sociedade é baseado na masculinidade viril e agressiva. Os homossexuais mais afeminados, inclusive, são mais discriminados que aqueles que não são. Por isso a gente sempre diz que o combate ao machismo precisa ser de toda a sociedade, porque é uma coisa absolutamente irracional”, declarou a jornalista, ao vivo.

O posicionamento da apresentadora viralizou nas redes sociais e vem sendo replicado há cerca de uma semana em diversos veículos de comunicação.

“Recebi muito amor, apoio e incentivo. E muitas mensagens me tocaram. Muitas. Relatos de LGBTs que têm o medo como companhia diária. Pessoas que se sentem tolhidas no seu direito de manifestar carinho, amor, porque isso pode lhes custar a vida. Percebi a importância de usar um espaço como o que tenho para mostrar um ponto de vista que ainda não é o dominante. Continuamos com a visão machista, racista, homofóbica de mundo de milhares de anos atrás. E essa visão é opressora para a maioria da sociedade. Se a gente parar para pensar, todos nós sofremos pelo menos uma dessas opressões. Apenas homens brancos e heterossexuais estariam fora dessa lista – mas até eles sofrem com a opressão machista, num modelo de masculinidade que é tóxica, que lhes impede de ser sensíveis, que exige a violência como forma de expressão. E isso não é bom para ninguém. Então, já passou da hora de nos desconstruirmos dos valores que nos foram incutidos e nos reconstruirmos como seres humanos mais empáticos e cuidadosos uns com os outros”, declarou ao site Universa.