Jovens que acusaram professor negro de furtar bicicleta são demitidos

"Eles não conseguem entender como você está ali sem ter roubado deles, não importa o quanto você prove", escreveu o professor de surfe

15/06/2021 17:43

Dois jovens que aparecem discutindo com o professor de surfe Matheus Ribeiro, de 22 anos, no Leblon, zona sul do Rio, foram demitidos das empresas em que trabalhavam. No último sábado, 12, Ribeiro esperava a namorada quando foi abordado pelo casal, que questionou a posse de uma bicicleta elétrica, furtada pouco antes.

O instrutor precisou provar ser o verdadeiro dono, mostrando a chave do cadeado e até fotos antigas. Parte da abordagem foi gravada e compartilhada em suas redes. Veja:

Acusados de racismo, o rapaz foi demitido de uma rede de papelarias e ela de uma academia de dança.

“Eles não conseguem entender como você está ali sem ter roubado dele, não importa o quanto você prove”, escreveu.

“Ela não tem ideia de quem levou sua bicicleta, mas a primeira coisa que vem a sua cabeça é que algum neguinho levou.”

A dupla envolvida no episódio já foi identificada. Ribeiro fez um boletim de ocorrência e caso é investigado pela 14ª DP.

O instrutor precisou provar ser o verdadeiro dono, mostrando fotos antigas e a chave do cadeado
O instrutor precisou provar ser o verdadeiro dono, mostrando fotos antigas e a chave do cadeado - Reprodução/Instagram

Como denunciar racismo

Casos como esses estão longe de serem raros no Brasil. Para que eles diminuam, é fundamental que o criminoso seja denunciado, já que racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89. Muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.

Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.

A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.