Mulher escreve bilhetes com ofensas racistas para vizinhos em Santos

‘Negros, pretos, negras e pretas de espíritos imundos’, escreveu em um dos recados

Moradores de um condomínio em Santos, litoral de São Paulo, denunciaram uma nutricionista de 56 anos por ofender, ameaçar vizinhos e colar mensagens racistas no prédio. Entre outros insultos, ela chama negros de “espírito imundo” e “excrementos da sociedade”.

Mulher escreve bilhetes com ofensas racistas para vizinhos em Santos
Créditos: Reprodução/Redes sociais
Mulher escreve bilhetes com ofensas racistas para vizinhos em Santos

“Não adianta, meu caráter reto, jamais mudará já o de todos você ‘excrementos da sociedade’ não troca-se o refil, já foram consumados!”, lê-se em um dos bilhetes colado na porta da nutricionista.

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Na última quarta-feira, 5, os moradoras chamaram a polícia e registraram um boletim de ocorrência por injúria racial, dano e ameaça. Ela foi presa e liberada após pagar fiança.

Uma das vizinhas relatou ao G1 que a nutricionista havia colado papéis em sua porta com dizeres como “negra vagabunda”, “porca”, e que “negro quando não faz na entrada faz na saída”.

A nutricionista também ameaçou matar duas vizinhas com uma barra de ferro. Em um episódio anterior, ela jogou garrafas contra moradores.

“Após me ofender, ela subiu até o apartamento dela e pegou uma garrafa e voltou para ver onde eu estava. Como a moça da portaria disse que não sabia onde eu estava, ela [nutricionista] a xingou e jogou a garrafa no vidro de onde fica a portaria. Foi registrado outro boletim contra ela na ocasião, por injúria e lesão corporal”, contou o zelador ao G1.

“É humilhante. A gente está no ambiente de trabalho, fazendo nosso serviço honesto e passa por essas situações. Mas tentei ter a postura certa e registrei boletim de ocorrência, porque não podemos aceitar esse tipo de crime calados. Mas, mesmo denunciando, ela segue solta. Então isso faz com que nós [negros] nos sintamos oprimidos e impotentes”, concluiu.

Como denunciar racismo

Desde 1989, a Lei 7.716 define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional
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Desde 1989, a Lei 7.716 define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional

Casos como esses estão longe de serem raros no Brasil. Para que eles diminuam, é fundamental que o criminoso seja denunciado, já que racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89. Muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.

Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.

A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.