Liderança feminina no setor público: como podemos avançar?
A representatividade é a palavra chave na gestão pública
A data da postagem não é mera coincidência com a pauta da semana, 8 de março, Dia Internacional da Mulher, que foi oficializado pela ONU (Organização das Nações Unidas) na década de 70 como reconhecimento da luta política das mulheres. Na época, elas reivindicavam por igualdade salarial e de jornada de trabalho. Seria maravilhoso se esse cenário tivesse ficado no passado, mas a verdade é que se passaram 50 anos e ainda temos muitos desafios para encarar.
Atualmente o salário é uma das várias pautas na luta por igualdade, as mulheres ainda ganham cerca de 20% a menos em relação aos homens. Vale lembrar que as reivindicações também foram contra o machismo e a violência doméstica, exigindo reconhecimento profissional e a atuação em cargos de chefia. Em 2020, as mulheres ocupavam apenas 13% do total das cadeiras do Senado e 15% na Câmara dos Deputados, segundo a senadora Leila.
Conheça histórias de mulheres inspiradoras
- 5 cursos gratuitos para melhorar a produtividade no trabalho
- Somente 33% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres, em tecnologia a escassez é maior ainda
- 17 programas e ONGs que oferecem bolsas de estudo para mulheres
- 17 programas e organizações que oferecem bolsas para mulheres
Esse é um tema bastante discutido, principalmente pelas mulheres, para encontrar caminhos e soluções de mudanças comportamentais, tanto no setor público quanto no privado. Ano passado, o encontro da Semana de Inovação 2020 levou sete líderes do setor público para discutirem sobre o assunto.
Entre elas estava Jéssika Moreira, coordenadora geral do Íris (Laboratório de Inovação do Governo do Ceará). “Se queremos falar de uma sociedade mais igualitária, temos que apoiar e contribuir para a abertura de caminhos para que lideranças femininas ocupem estes espaços”, comentou Jessika.
Ela ainda refletiu que o simples fato de um governante escolher mais homens do que mulheres, já é um ato político dele. A mudança comportamental das mulheres brasileiras iniciou tardiamente, quando em 1934 passaram a ter direito ao voto. No artigo Liderança feminina: percepções, reflexões e desafios na administração pública, que vale a pena ler do início ao fim, a pesquisa mostra as limitações históricas, sociais e psicológicas. “Por mais independente financeiramente que a mulher se torne, ela ainda não alcança uma independência social e psicológica, uma vez que a sociedade ainda a percebe como secundária”.
A pesquisa destaca que apesar dos cargos de direção serem ocupados por homens, são as mulheres que lideram a porcentagem em cursos superiores, uma diferença de 26,8% das mulheres se capacitarem na área de atuação contra 19,7% dos homens. Por estarem mais preparadas, o raciocínio lógico é que elas tenham mais chances de exercer funções técnicas de direção e gerência.
As soluções para esses desafios serão encontradas em diálogos e discussões que envolvam representatividade e empatia, no Podcast Coisa Pública, Laura Souza, ex secretária de Educação de Alagoas, e Leany Lemos, ex secretária do Planejamento do Rio Grande do Sul e Distrito Federal, conversam exatamente sobre esse lugar das lideranças femininas. A conversa gira em torno de como mulheres em posições de alta gestão afetam positivamente na formulação de políticas para promoção de um ambiente mais igualitário e mais justo, no setor público e fora dele. “Ser mulher na gestão da primeira linha, onde você está nos postos de decisão, é você ser a minoria e o diferente, e ser quem está no lugar onde não deveria estar.” enfatiza Leany.
“Quando eu estou numa sala de decisões, e eu sou a única mulher, eu me lembro que estou ali pelas minhas competências, pela minha capacidade de contribuir, porque eu sou boa em tomar decisões, mas eu também estou aqui como alguém que está quebrando paradigmas. A gente ainda está no papel de alta gestão, superando barreiras.” completa Leany Lemos.
A representatividade é a palavra chave na gestão pública, devemos promover cada vez mais mulheres em cargos de chefia para que haja identificação entre elas. Esse movimento está se fortalecendo para que ele aconteça de forma institucional e sistemática. Lutar pela igualdade de gênero não é apenas papel da mulher, mas de todos. Vamos juntas e juntos transformar a gestão pública mais igualitária e justa.