Mãe de menino gay que se matou desabafa após ser atacada na web

Jamel Myles tinha 9 anos e se suicidou após se assumir homossexual na escola

30/08/2018 17:19

Jamel Myles tinha 9 anos e se suicidou após se assumir homossexual na escola
Jamel Myles tinha 9 anos e se suicidou após se assumir homossexual na escola - Reprodução/Facebook

Leia Rochelle Pierce, mãe do menino de 9 anos que cometeu suicídio após ser vítima de bullying homofóbico na escola ao se assumir gay, fez um desabafo rebatendo as críticas que passou a receber nas redes sociais desde a morte da criança.

Depois da repercussão do suicídio de Jamel Myles, Leia, além de precisar lidar com a perda do próprio filho, teve que superar o ódio gratuito de dezenas de internautas que invadiram seus perfis em plataformas on-line, culpabilizando-a pela morte do garoto.

Algumas das mensagens raivosas recebidas pela matriarca da família Pierce criticam o fato dela ter dado apoio ao filho após ele contar sobre sua homossexualidade para ela.

“Tudo o que você tinha que fazer para mantê-lo vivo era impedir que ele dissesse a todos [sobre sua orientação sexual], mas você não sabe em que merda de mundo você vive”, afirmou um internauta.

Ao responder um dos seus algozes, Leia declarou que o homem, que atende pelo nome de George Ioan, “é o tipo de pessoa que precisa de amor no coração”.

“Espero que você encontre um pouco do amor que meu filho deixou aqui para compartilharmos. Eu sinto muito que você esteja cheio de ódio e eu espero que alguém lhe abrace. E se ninguém lhe disse hoje, você é incrível. Fique abençoado. Meu filho e eu vamos orar por você”, afirmou.

https://www.facebook.com/LeiaRochelle/posts/2620419827971764

Entenda o caso

Jamel Myles, de 9 anos de idade, cometeu suicídio na última quinta-feira, 23, na casa onde morava com os pais em Denver, Colorado, nos Estados Unidos, quatro dias após se assumir gay na escola.

A mãe do menino, Leia Pierce, contou que o filho revelou a ela sua homossexualidade há cerca de um ano e foi aceito. Entretanto, quando contou aos seus colegas de classe sobre sua orientação sexual, começou a sofrer bullying. O garoto, inclusive, foi encorajado pelas outras crianças a tirar a própria vida.

“Quatro dias letivos foram o suficiente. Eu não sei o que mais falaram pra ele, mas minha filha disse que ele lhe contou que seus colegas falaram que ele devia se matar quando ele disse que era gay. Estou triste por ele não ter me contado disso antes”, desabafou ela à emissora de TV local KDVR.

Sinais de alerta

De acordo com a psiquiatra Alexadrina Meleiro, na maioria das vezes, as pessoas que estão prestes a cometer suicídio dão alguns sinais, mas que nem sempre são captados pelos familiares e amigos. “Os idosos costumam arrumar documentação para que a família não tenha trabalho depois que ele for embora. Já os jovens costumam ficar irritados, retraídos, se afastar dos amigos, ir mal na escola. Tudo a gente tem que ver como um sinal de que algo não vai bem”, explica.

Para ela, a preocupação, no entanto, não deve ser somente com os jovens e idosos, mas também com pessoas na esfera de trabalho, principalmente nesse cenário de desemprego, povo indígena, pessoas LGBT e adolescentes em gestação precoce. “São populações também em risco, principalmente quando a família não dá a atenção que ela precisa”, afirma Meleiro.