Megan Fox é alvo de julgamento ao mostrar o filho vestido de Elsa
A atriz americana Megan Fox, 31, foi alvo de críticas nas redes sociais depois que compartilhou uma foto do filho Noah, de quatro anos, fantasiado de Elsa, a princesa do filme “Frozen”.
Fox, que costuma manter a discrição quando o assunto é a exposição dos filhos na internet, foi surpreendida pela reação das pessoas que consideraram sua atitude permissiva demais.
Por outro lado, muitos seguidores saíram em defesa da liberdade de ser da criança, e da atitude da mãe de respeitar suas escolhas. “Eu adorei seu filho de vestido. Você é um modelo incrível e uma mãe melhor ainda. Você arrasa”, disse uma usuária.
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“Deixa a criança usar qualquer coisa que a deixe feliz. Se for um vestido, deixe ele usar. Se as pessoas estão te julgando por seu filho usar vestidos, então elas deveriam cuidar de suas próprias vidas”, criticou outra.
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A história reacende a velha discussão sobre os direitos da criança, e levanta uma reflexão sobre o que a Psicologia infantil chama de “fluidez de gênero”, que nada mais é do que o processo de descoberta pela qual uma criança invariavelmente passa até se desenvolver de forma plena.
Uma criança ter curiosidade sobre o modo de ser do papel de gênero oposto ao seu é natural, e faz parte do autoconhecimento dos pequenos. E, antes de mais nada, um menino utilizar roupas ou brinquedos socialmente considerados “de menina” – ou vice-versa – não implica em prejuízos psicológicos ou de qualquer natureza, e, mais do que tudo, não significa que a criança se tornará homossexual, sobretudo porque não é socialmente que se desenvolve a orientação sexual.
“A fluidez de gênero do(a) filho(a) causa angústia, afinal, a sociedade tem uma tendência de definir muito mais rigidamente os papéis de gênero”, explica a neuropsicóloga Ana Carolina Del Nero, do AMTIGOS (Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual) da USP.
Falta de conhecimento gera preconceito: a confusão com os termos
Tanto em termos biológicos quanto psicológicos, há uma clara distinção entre orientação sexual e papel de gênero. O primeiro é determinado pela Biologia e é inato ao ser humano. O segundo é construído socialmente, conforme o indivíduo amadurece e percebe seu corpo e suas vontades. Entre um e outro, há toda uma infância a ser vivida de forma plena.
Em entrevista para a campanha Mães que TRANSformam, do Catraca Livre, Del Nero explica a diferente entre uma coisa e outra, e ajuda a entender porque existe tanto preconceito onde não há informação.
“Primeiro, existe o sexo biológico, que é o genital com o qual nascemos. A pessoa pode ser macho, fêmea ou intersexo, que são os hermafroditas. Isso é biológico.
Depois, vem a identidade de gênero. Posso ser um homem, uma mulher, ou um não binário – pessoas que não se identificam nem com um nem com outro. As pesquisas sugerem que a identidade de gênero seja inata, que tem a ver com a circulação de hormônios na gestação. Ou seja, é algo da pessoa, que não tem a ver com uma construção social.
Então, vem o papel de gênero, que, aí sim, é iminentemente social. O papel de gênero pode ser feminino, masculino ou andrógeno. É o modo como a pessoa vai viver o sexo dela, de acordo com os modelos que existem na sociedade. Ao longo da vida, as pessoas vão se apropriando dos papéis de gênero, a depender da criação e do meio social.
E, depois, vem a orientação sexual, que é por quem a pessoa sente atração sexualmente. É importante dizer: isto não é uma opção. Orientação sexual também é algo inato, assim como a identidade de gênero.
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