Menina Ágatha morre após ser baleada por um tiro de fuzil no Alemão

No Twitter, internautas responsabilizaram o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, por mais uma morte nas favelas

21/09/2019 09:15 / Atualizado em 23/09/2019 16:21

Mais uma criança vítima da violência policial no Rio de Janeiro. A pequena Ágatha Félix, de oito anos de idade, morreu nesta sexta-feira, 20, após ser baleada na comunidade da Fazendinha, no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro.

A criança foi levada ao hospital Getúlio Vargas, mas não resistiu aos ferimentos. A menina estava dentro de uma kombi com a avó, voltando para sua casa, quando foi atingida por um tiro de fuzil nas costas.

A criança estava dentro de uma kombi com a avó quando foi atingida
A criança estava dentro de uma kombi com a avó quando foi atingida - Reprodução / Twitter

De acordo com moradores da região, policiais militares atiraram contra uma moto que passava pelo local, mas o tiro atingiu Ágatha. Em entrevista à Rádio Tupi, Aílton Félix, avô da vítima, fez um desabafo e pediu paz aos moradores do Complexo do Alemão. Ouça aqui.

No Twitter, o ocorrido causou revolta e a hashtag #ACulpaÉDoWitzel entrou para os assuntos mais comentados na manhã deste sábado, 21. Famosos também falaram sobre a morte da menina e responsabilizaram o governador, Wilson Witzel, pela violência policial no estado.

A atriz Leandra Leal foi uma das pessoas que comentou o tema. “Ontem na cidade q eu moro, uma menina de 8 anos foi assassinada a caminho de casa. Ágatha foi vítima de uma política assassina. Nada justifica a morte de uma criança. Quem consegue viver nessa cidade e achar isso normal? Quem consegue não se revoltar?”, escreveu.

Veja abaixo a repercussão:

https://twitter.com/marciatiburi/status/1175342137543659521

Repercussão do caso

Após o assassinato da menina Ágatha, autoridades públicas e personalidades se manifestaram nas redes sociais. E o silêncio de importantes políticos também ressoou entre a população.

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), e o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), não esboçaram qualquer manifestação a respeito do caso. Simplesmente ignoraram, como você pode ler nesta matéria.

O ex-prefeito de São Paulo e derrotado nas últimas eleições presidenciais, Fernando Haddad (PT), decidiu se pronunciar e chamou Witzel de assassino, em uma publicação que repercutiu muito nas redes sociais. “Ele [Witzel] é o grande responsável pelas atrocidades que se cometem no Rio de Janeiro. Um assassino!”. Confira aqui.

Protesto no velório

Durante o velório da pequena Ágatha, neste domingo, 22, uma caminhada em protesto contra a violência policial saiu pelas ruas do Rio de Janeiro. O ator Fábio Assunção marcou presença.

Pelas redes sociais, o ator fez um desabafo emocionante e necessário. “Sei o que pensa uma parte da população. E venho aqui de novo dar minha cara a tapa. Mas, independentemente do que pensa esse grupo que enaltece a morte, eu sinto amor e estive no Alemão hoje.” Leia o texto na íntegra.

Excludente de ilicitude

A morte de Ágatha reacendeu o debate sobre um dos pontos polêmicos do pacote anticrime do governo Jair Bolsonaro: o excludente de ilicitude.

A proposta enviada ao Congresso no começo do ano pelo ministro da Justiça Sergio Moro isenta de penas policiais que “matarem em conflito armado ou em risco iminente de conflito armado”. Leia mais sobre o pacote.

Mourão defende policiais

O presidente em exercício, Hamilton Mourão, defendeu nesta segunda-feira, 23, a atuação da polícia no caso que levou à morte de Ágatha Félix, de 8 anos, vítima de um tiro de fuzil no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro, nesta sexta-feira, 20.

Ele ainda questionou a versão da família da criança de que ela foi atingida por disparo dos policiais. Veja o depoimento completo de Mourão.