Moro diz que Vaza Jato é bobagem e não exclui chance de se candidatar
As declarações foram dadas em entrevista ao vivo, no programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite de segunda-feira, 20.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou que a série de reportagens iniciada pelo site The Intercept Brasil, conhecida como Vaza Jato, é bobagem e não excluiu a chance de se candidatar para algum cargo eletivo algum dia, mas salientou que atualmente não está nas suas pretensões. As declarações foram dadas em entrevista, ao vivo, para o programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite de segunda-feira, 20.
Os diálogos divulgados pela Vaza Jato apontam uma aliança entre Moro e a acusação – os procuradores do Ministério Público – na força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba.
Moro ainda disse que o tema é “um episódio menor” em seu primeiro ano no governo federal. “Sinceramente nunca dei muita importância para isso. Acho que ali tem um monte de bobageirada, nunca entendi muito bem a importância [dada] para aquilo. Agora, foi usado politicamente para tentar, vamos dizer assim, soltar criminosos presos, pessoas que tinham sido condenadas por corrupção e, principalmente, tentar enfraquecer politicamente o Ministério da Justiça”, disse.
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As denúncias levantadas pela Vaza Jato estão à espera de julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), que avalia uma ação impetrada pelos advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que pedem a suspeição de Moro na condução dos processos.
Eleições 2022
Sobre a possibilidade de se candidatar à Presidência da República, ou a qualquer cargo eletivo, Moro disse que “não tem esse tipo de ambição” e que “o candidato do governo Bolsonaro deve ser ele mesmo [Bolsonaro]”. “Os ministros do governo Bolsonaro vão apoiar o presidente”, declarou.
Após dar essas respostas, o ministro ainda foi questionado se assinaria um documento dizendo que não se candidataria. Moro disse não “ver sentido” em fazer isso porque muita gente fez e “depois rasgou o documento”, não excluindo por completo tal possibilidade.
Conversa entre Lula e Dilma
Moro foi questionado também sobre sua decisão de tirar o sigilo de conversas telefônicas entre Lula e Dilma em março de 2016, quando era o juiz responsável pela Lava Jato, se esta decisão não teria contribuído para o impeachment da então presidente.
“É muito facil [afirmar:] ‘2016, ah, não tenho culpa nenhuma, fui manipulado’. Não existe nada disso. Ele [Gilmar] tomou a decisão dele na época, ele assuma a responsabilidade pela decisão que ele tomou. Nada ali foi objeto de manipulação ou qualquer espécie de falsidade”, disse o Moro.
Após ser divulgado o teor das conversas entre Lula e Dilma, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes concedeu uma liminar suspendendo a nomeação do ex-presidente, diante da suspeita de obstrução de Justiça. Na conversa o Lula demonstra interesse em assumir a Casa Civil e assim ter direito ao foro privilegiado, não podendo mais ser investigado por Moro.
Comentários sobre o governo
Perguntado sobre porque não se manifesta sobre a defesa da ditadura militar por integrantes e aliados do governo ou sobre o ataque à produtora do Porta dos Fundos, no fim do ano passado, o ministro disse que não é um “comentarista sobre tudo”.
Cultura
Moro ainda classificou o episódio do secretário nacional da Cultura, Roberto Alvim citar Joseph Goebbels, ministro da Propaganda da Alemanha nazista como um “bizarro” e afirmou que não falou nada sobre o tema porque o presidente Jair Bolsonaro, corretamente, decidiu pela exoneração.
Corrupção
O ministro falou também que “responderia se consultado” pelo presidente sobre a situação do chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Fabio Wajngarten, que é proprietário de uma empresa que recebe recursos do governo federal.
Os jornalistas que participaram do Roda Viva também perguntaram para Moro sobre a presença no governo do Ministro do Turismo, Marcelo Alvaro Antonio, que se tornou réu em uma acusação de corrupção. Moro desconversou e disse que a Polícia Federal esta investigando, mostrando “que a PF está com autonomia”, e que “cabe à Justiça, à Polícia Federal e ao presidente tomar uma decisão sobre o caso”.
Liberdade de Imprensa
O ministro defendeu o presidente ao dizer que Bolsonaro não ataca a imprensa. “O presidente está dando ampla liberdade pra imprensa fazer seu trabalho”. Vera Magalhães, nova apresentadora do programa, interrompeu Moro citando situações em que Bolsonaro, de fato, cerceou o trabalho de repórteres.