Moro é desafiado a entregar celular para provar adulteração

Após apontar manipulação em novas revelações da Vaza Jato, internautas propõem a Moro entregar o celular para perícia

Sérgio Moro voltou a desqualificar o conteúdo de nova matéria publicada pelo site The Intercept Brasil, dizendo se tratar de adulterações e que “se fosse verdadeira, não passaria de supostas fofocas”. Não demorou muito para que surgissem nas redes sociais posts questionando o discurso do ministro da Justiça e pedindo para que ele entregasse seu celular para ser periciado.

Entre as publicações, está a do sociólogo Sérgio Amadeu, professor da UFABC (Universidade Federal do ABC), pesquisador de cibercultura e membro da comunidade do software livre. Em resposta a Moro, no Twitter, ele sugere ao ex-juiz que entregue o celular para uma auditoria independente. “Você não tem credibilidade. Você claramente transformou o Judiciário em uma milícia particular”, escreveu.

Internautas e especialistas em cibercultura pede a Moro entregar o celular
Créditos: Pedro França/Agência Senado
Internautas e especialistas em cibercultura pede a Moro entregar o celular

Novas revelações da Vaza Jato

O que moro tentou desqualificar, dessa vez, foram as novas revelações do escândalo da Vaza jato publicadas na madrugada de sábado, 29, pelo site The Intercept Brasil. A publicação, que analisava mensagens trocadas entre integrantes da Lava Jato, mostrou que um dia antes de Moro anunciar que assumiria o ministério, procuradores do MPF discutiam que tal atitude podia legitimar críticas à operação.

A procuradora Jerusa Viecili, integrante da força-tarefa em Curitiba, ressaltou que a atitude reforçaria a “parcialidade e partidarismo” do ex-juiz.

Laura Tessler, também procuradora da força-tarefa, concordou com a afirmação, alegando que, se confirmada a transição de Moro para o ministério, “o discurso vai pegar. Péssimo. E Bozo (se referindo ao presidente Jair Bolsonaro) é muito mal visto. E juntar a ele vai queimar o Moro.” Viecili completou: “E queimando o Moro queima a Lava Jato”.

Em outro trecho da conversa no grupo intitulado Januario 3, Tessler chega a pedir: Pelo amor de Deus!!!! Alguém fala pro Moro não ir encontrar Bolsonaro!!!”.

Antônio Carlos Welter, outro procurador da operação, também demonstrou preocupação. “Veja que um dos fundamentos do pedido feito ao comitê da Onu para anular o processo do Lula é justamente o de falta de parcialidade do juiz. E logo após as eleições ele é convidado para ser Ministro. Se aceitar vai confirmar para muitos a teoria da conspiração. Vai ser um prato cheio”, pontuou.

Dallagon demonstrou preocupação com reputação da Lava Jato

Poucos dias depois de Moro ter aceitado o convite de Bolsonaro, o coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, também demonstrou preocupação com os possíveis danos à reputação da Lava Jato. Em conversa com a colega Janice Ascari, ele disse: “Temos uma preocupação sobre alegações de parcialidade que virão. Não acredito que tenham fundamento, mas tenho medo do corpo que isso possa tomar na opinião pública”.

A preocupação se deu, sobretudo, porque, para ele, Moro e a Lava Jato “estão intimamente vinculados no imaginário social, então defender o Moro é defender a Lava Jato e vice-versa”.

Janice, por sua vez, disse concordar com o pensamento dele. “Também me preocupo com esse aspecto da parcialidade dele, porque põe em dúvida, também, o trabalho do MPF. Pretendo, além de, claro, defender a LJ como sempre faço (até quando não concordo com algumas coisas rsrs), mostrar que o Ministério da Justiça tem muita coisa com que se preocupar além da LJ, que continuará com Moro ou sem Moro”, escreveu.