Mulher é morta pelo marido em casa, três meses após o casamento

Francine Rigo dos Santos foi morta com uma lâmina de barbear, segundo a própria confissão do criminoso

O corpo da maquiadora Francine Rigo dos Santos, de 23 anos, foi encontrado sem vida na casa em que vivia com o marido, em Várzea Paulista (SP). Ela foi morta pelo autônomo Marcelo Augusto de Sousa Araújo, 21, três meses após o casamento.

“Nossos destinos foram traçados na maternidade. Filho da melhor amiga de infância da minha mãe, crescemos juntos, estudamos juntos, meu vizinho amigo de portão e de ficar na rua, agora marido”, escreveu ela no Facebook em setembro, em uma foto de quando havia se casado.

Francine Rigo dos Santos foi morta com uma lâmina de barbear em sua casa
Créditos: Reprodução/Facebook
Francine Rigo dos Santos foi morta com uma lâmina de barbear em sua casa

Segundo informações do Boletim de Ocorrência obtido

O site Universa teve acesso ao Boletim de Ocorrência, em que consta que Francine não entrava em contato com amigos ou familiares desde o último dia 22 de dezembro, quando teria ocorrido o assassinato.

Marcelo Augusto de Sousa Araújo está preso sob acusação de feminicídio e ocultação de cadáver. Ele confessou o crime na delegacia e disse que usou uma lâmina de barbear para matá-la. O homem foi encaminhado para o centro de triagem de Campo Limpo enquanto aguardava a audiência de custódia.

Quem encontrou o corpo de Francine foi seu ex-marido, que foi à casa dela na tarde do dia 24, véspera de Natal, porque estava preocupado. Segundo informações do Universa, ele viu a mulher no sofá com cortes na região do pescoço. Ao lado do corpo, estava o marido, Marcelo, ferido pescoço e nos pulsos. De acordo com a polícia, ele tentou simular o suicídio do casal.

Francine deixa uma filha de 3 anos e um filho de 1 ano, frutos do primeiro casamento.

No dia seguinte ao assassinato, um texto foi publicado no perfil de Francine no Facebook: “Não aguento mais toda pressão psicológica que minha família e a do Ma (como ela chamava o marido) fez contra nossa união”. “Fingimos que não sofremos, mas já foi demais tudo isso pra mim e pro Ma. Queremos paz”, dizia outro trecho. Amigos e parentes disseram que o texto foi escrito pelo marido, depois da morte de Francine, o que ajuda a teoria de uma simulação de suicídio.

O motivo do crime ainda é incerto. Segundo o Universa, amigos afirmam nas redes sociais que ele não teria aceitado a gravidez da companheira, e insistia para que ela abortasse. Por outro lado, a família não confirma. “Não sabemos se ela estaria grávida mesmo”, disse uma pessoa próxima à Francine. Alguns parentes não aprovavam o relacionamento de Francine e Marcelo.

Meta a colher, sim! Saiba como denunciar violência doméstica

O Brasil é o 5º entre os países com as maiores taxas de violência doméstica contra mulheres. São cerca de 900 mil processos desse tipo tramitando na justiça brasileira e 23% deles são pedidos de medidas protetivas de urgência.

Por conta disso, é um consenso entre juízes, promotores e defensores públicos a importância da denúncia. Como especialistas, eles concordam que as queixas funcionam como um freio inibidor da violência e, sendo assim, pode impedir o mal maior: o feminicídio. Clique aqui e saiba como denunciar.


#ElaNãoPediu: Catraca lança campanha contra violência doméstica

Os números são impactantes: pesquisas mostram o crescimento de vítimas de feminicídio e agressões contra mulheres a cada ano no Brasil. De 2017 para 2018, por exemplo, a alta de feminicídios foi de 4%.

Em 2017, mais de 221 mil mulheres procuraram delegacias de polícia para registrar agressões em decorrência de um problema social complexo, bastante conhecido, mas pouco debatido: a violência doméstica.

Os dados são do Atlas da Violência e do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019. Esse tipo de violência atinge principalmente mulheres negras, mas também faz entre suas vítimas mulheres brancas, indígenas, pardas, amarelas.

Não faz distinção entre adultas, idosas, jovens e crianças, nem entre mulheres cis ou trans, e héteros, lésbicas ou bissexuais.

Depois de consultar especialistas no tema, a Catraca Livre desenvolveu a campanha #ElaNãoPediu, de enfrentamento à violência doméstica.