Mulher trans é morta a pauladas por quatro pessoas em São Paulo

Larissa foi morta dentro de um hotel na zona norte da cidade

Brasil é o país que mais mata LGBTs no mundo: 1 a cada 25 horas

Uma mulher transexual de 25 anos, conhecida como Larissa, foi morta a pauladas por quatro pessoas neste domingo, dia 17, dentro de um hotel em Santana, na zona norte de São Paulo. De acordo com a Polícia Civil, o crime ocorreu por volta das 7h30 na rua Voluntários da Pátria.

Um funcionário do local disse à polícia que ouviu “fortes estrondos” no quarto onde a vítima estava acompanhada por mais quatro homens. Ao descer até a entrada da garagem dos fundos, ele encontrou Larissa caída no chão já sem vida. Os agressores deixaram o hotel e ainda não foram identificados.

Segundo os policiais civis, a trans fazia programas sexuais na região e foi atacada pelos quatro homens com vigas de madeira. O crime de homicídio foi registrado no 13º DP (Casa Verde) e seguiu para o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).

Violência contra LGBTs

Apenas no primeiro quadrimestre deste ano, 117 pessoas foram assassinadas no Brasil devido à discriminação por gênero e orientação sexual, conforme levantou o Grupo Gay da Bahia (GGB). O número subiu 18% em relação ao mesmo período de 2016.

De acordo com o relatório da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais (ILGA), o país ocupa o primeiro lugar na quantidade de homicídios de LGBTs nas Américas, com 340 mortes por motivação homofóbica no ano passado.

Já segundo o último levantamento do Grupo Gay da Bahia, 2016 foi o ano com o maior número de assassinatos da população LGBT desde quando a pesquisa passou a ser feita pelo movimento, há 37 anos. De 130 homicídios em 2000, saltou para 260 em 2010 e para 343 em 2016.

O estudo documentou dados em 168 municípios brasileiros no ano passado. Dos 343 assassinatos ocorridos em 2016, 173 eram gays, 144 trans, 10 lésbicas, 4 bissexuais e 12 heterossexuais (parentes ou conhecidos de LGBTs que foram mortos por algum envolvimento com eles).

De acordo com a pesquisa, travestis geralmente são assassinadas a tiro ou espancadas na rua, enquanto gays são mortos dentro de casa, com objetos domésticos: facas, fios elétricos, sufocados na cama, muitas vezes encontrados pelos vizinhos somente pelo odor do corpo já em putrefação.

O levantamento diz, ainda, que 31% dos assassinatos ocorridos no ano passado foram praticados com arma de fogo, 27% com armas brancas, incluindo ainda enforcamento, pauladas, apedrejamento, além de casos com requintes de crueldade, nos quais houve tortura e queima do corpo da vítima.

Em relação à idade das vítimas, predominaram as mortes de LGBTs entre 19 e 30 anos (32%). Os menores de 18 anos representam 20,6% dos assassinatos. O relatório aponta que os crimes são cometidos, em sua maioria, à noite ou na madrugada, em lugares ermos ou dentro de casa, o que dificulta a identificação dos culpados.

A entidade também mostrou que apenas em 17% dos homicídios registrados em 2016 os autores dos crimes foram identificados (60 de 343), e menos de 10% das ocorrências resultaram em abertura de processo e punição dos assassinos.

Veja o relatório na íntegra neste link.

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