Não tem como mudar, diz Bolsonaro sobre salário menor para mulher

Em entrevista à GloboNews, candidato à Presidência pelo PSL afirmou que pode privatizar a Petrobras, 'se não houver solução'

04/08/2018 01:32 / Atualizado em 05/05/2020 11:13

Em duas horas de entrevista à GloboNews na noite desta sexta, 3, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que é impossível fazer ações que promovam a equiparação salarial entre homens e mulheres, que sairá do Acordo de Paris (tratado internacional para a redução de emissão de gases de efeito estufa e, com isso, minimizar as consequências do aquecimento global), acabará com a Lei de Cotas Raciais, que é contra a Lei do Feminicídio, que tem Trump como referência de líder internacional e que, se “não tiver solução”, irá privatizar a Petrobras.

O candidato Jair Bolsonaro em entrevista à GloboNews
O candidato Jair Bolsonaro em entrevista à GloboNews - Reprodução/GloboNews

Admitiu ter errado ao ter se referido de forma racista com quilombolas, afirmou que não é homofóbico e que “ganharia entre os gays” e sugeriu que indígenas sejam incorporados às Forças Armadas. Disse também “abrir mão da reeleição”, se for eleito e que “praticamente desistiu” da proposta de aumentar o número dos ministros do STF de 11 para 21.

Sobre sua passagem por nove partidos, muitos dos quais com acusações de corrupção, afirmou que não se “contaminou” com “laranjas podres” e que se sente como um novo, apesar dos sete mandatos na Câmara, por nunca ter ocupado um cargo no Executivo.

O deputado afirmou que se sente “preparado” para ser presidente e que sente “estar cumprindo uma missão de Deus”, mas fugiu de questões ligadas à economia (como reforma tributária e política de reajuste do salário minimo), terceirizando as questões a Paulo Guedes, responsável por seu plano econômico, apesar de dizer que entende do tema.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista:

Petrobras

“Se não tiver uma solução, eu sugiro a privatização da Petrobras. Acaba com esse monopólio estatal e ponto final. Então, é o recado que eu dou para o pessoal da Petrobras. Eu entendo que a Petrobras é estratégica. Por isso não gostaria de privatizar, esse é o sentimento meu. Agora, se não tiver solução, não tiver um acordo, você não vai ter outro caminho.”

Vice

“Meu vice vai ser do PSL, chapa pura. Ou a senhora Janaína Paschoal ou o príncipe [Luiz Philippe de Orléans e Bragança]. O que está faltando é que eu estou conversando com a Janaína e ela apresenta alguns problemas familiares, ela tem dois filhos. No momento, o plano B é o príncipe”, disse.

Programa Central das Eleições, da GoboNews, que entrevistou Jair Bolsonaro
Programa Central das Eleições, da GoboNews, que entrevistou Jair Bolsonaro - Reprodução/GloboNews

Economia

“Sei o que o povo precisa: inflação baixa, taxa de juros menor, dólar menor que não atrapalhe quem quer importar ou exportar, pagar a dívida sem precisar aumentar imposto,  abrir comércio sem viés ideológico” e questionou uma afirmação dele mesmo: “Quem falou que eu não entendo de economia? Eu falei que não entendo por questão de humildade”.

Feminicídio

“Pergunto se elas [mulheres] preferem a Lei do Feminicídio  no bolso ou a pistola na bolsa e elas são unânimes. Para mim não tem que ter Lei de Feminicídio. Se cometeu um crime tem que cumprir 30 anos de cadeia. Não é mais grave.”

Ainda nesta sexta, foram divulgados vídeos que mostram a advogada Tatiane Spitzner sendo agredida pelo marido, o biólogo Luís Felipe Manvailer, antes de cair do quarto andar do prédio onde morava.

Desigualdade salarial

“Essa declaração [de salário] não é da minha boca”, afirmou.

Em 2014, o deputado afirmou, ao jornal “Zero Hora”: “Entre um homem e uma mulher jovem, o que o empresário pensa? ‘Poxa, essa mulher está com aliança no dedo. Daqui a pouco engravida. Seis meses de licença-maternidade’ (…) Por isso que o cara paga menos para a mulher. É muito fácil eu, que sou empregado, falar que é injusto, que tem que pagar salário igual”.

Na GloboNews,, negou ter falado isso, embora já tenha repetido a ideia outras vezes, e afirmou que o governo não pode atuar nesta questão porque “quem define salário é o patrão” e a criação ações contra a desigualdade salarial para cargos iguais “vai quebrar” a empresa.