‘Nunca preguei o ódio’, diz Jair Bolsonaro em entrevista
O deputado falou ainda sobre sua relação com Paulo Guedes e reafirmou que pretende privatizar estatais em um eventual governo
O candidato à presidência da República Jair Bolsonaro (PSL-RJ) afirmou que “nunca” pregou o ódio e disse ter sido vítima de um ataque político, em entrevista concedida à Rádio Jovem Pan nesta segunda-feira, 24.
Em pouco mais de vinte minutos de conversa com o jornalista Augusto Nunes, o deputado, que segue internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, disse ter sido “vítima” daquilo que mais combate. “Prefiro a cadeia cheia de vagabundo que cemitério cheio de inocente”, declarou.
Ao falar sobre seu agressor, Adélio Bispo de Oliveira, que continua preso, Bolsonaro questionou o porquê dele não responder por crime de homicídio, garantiu que, se eleito, irá rever a pena por tentativa de homicídio e questionou as investigações sobre o caso.
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“Estou vivo por um milagre. Porque a pena dele [Adélio] tem que ser abaixo de um homicídio em si? Vamos mudar isso no futuro, caso eu seja presidente. E mais ainda, vamos acabar com progressão de pena. E não ficar dando ouvidos à entidade de direitos humanos que diz que o presidiário vive em más condições, quem estaria em péssimas condições seria a minha família se eu estivesse morrendo”, disse.
Sobre a forma como as autoridades estão conduzindo as investigações do atentado que ocorreu no dia 6 de setembro, durante ato de campanha em Juiz de Fora, Minas Gerais, o postulante ao Planalto demonstrou insatisfação com o delegado da Polícia Federal, Rodrigo Morais, que, em entrevista à TV Globo, afirmou que Adélio agiu sozinho.
“O depoimento que eu ouvi do delegado da Polícia Federal que está conduzindo o caso realmente é para abafar o caso. Lamento o que eu ouvi ele falando, dá a entender que age em parte como uma defesa do criminoso. Isso não pode acontecer. Não quero que inventem um responsável. Dá para apurar o caso”, disse.
Sobre suas declarações homofóbicas, Jair Bolsonaro negou que tenha feito qualquer discurso de ódio às minorias sociais, principalmente as LGBTs.
“Nunca preguei o ódio. Dizem que eu prego o ódio a gay, mulheres… Me aponte um ódio meu agredindo quem quer que seja”, justificou o parlamentar, tentando atenuar suas falas polêmicas.
“Posto Ipiranga”
Em outra parte da entrevista, ao falar sobre governabilidade, Bolsonaro negou que haja mal estar entre ele e seu futuro ministro da Fazenda, caso vença a corrida presidencial, Paulo Guedes, apelidado de “Posto Ipiranga”, que teria proposto criar um novo imposto similar à CPFM, extinta em 2007.
Segundo contou, a proposta de Guedes é unificar a alíquota do imposto de renda em 20% para aqueles que ganham mais de cinco salários mínimos. Os com renda inferior ficarão isentos.
O candidato defendeu, ainda, a privatização de estatais, mas garantiu que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal não estarão entre as empresas públicas passíveis de vendas ao setor privado.