Pantanal registra recorde mensal de focos de incêndio na história

Até ontem, o Inpe registrou 6.048 focos de incêndio na maior planície alagada continua do planeta

24/09/2020 12:00 / Atualizado em 28/09/2020 21:51

O número de focos de incêndio no Pantanal atingiu nesta quarta-feira, 23, recorde na medição histórica feita pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), iniciada em 1998. Entre 1º de setembro até ontem, foram 6.048 pontos de queimadas registrados.

O recorde mensal anterior era de agosto de 2005, quando houve 5.993 focos de incêndio no bioma.

Queimadas no Pantanal: entenda o tamanho da devastação do bioma

Bombeiros tentam conter as chamas dos incêndios florestais que atingem o Pantanal
Bombeiros tentam conter as chamas dos incêndios florestais que atingem o Pantanal - Divulgação/CBMMS/Fotos Publicas

Na comparação com 2019, quando setembro teve 2.887 focos detectados em 30 dias, o mesmo mês de 2020 já apresenta uma alta de 109%.

O Pantanal enfrenta o maior período de estiagem em 47 anos. Apesar dos registros de chuvas nos últimos dias, elas não foram suficientes para apagar definitivamente os incêndios que já devastaram 12% do bioma somente este ano.

O fogo já destruiu 85% do Parque Estadual Encontro das Águas, o maior refúgio de onças-pintadas do mundo.

Biólogos voluntários resgatam onça-pintada dos incêndios no Pantanal
Biólogos voluntários resgatam onça-pintada dos incêndios no Pantanal - Lula Marques/Fotos Públicas

Bolsonaro minimiza queimadas no Pantanal

Com recordes de desmatamento no país, o presidente Jair Bolsonaro voltou a negar o problema. Durante pronunciamento na 75ª Assembleia Geral da ONU (Organizações das Nações Unidas), na última terça-feira, 22.

Sem surpresas, Bolsonaro afirmou ter “tolerância zero com crime ambiental”, apesar do que os dados do Inpe mostram sobre a aceleração das queimadas no Norte e Centro-Oeste do Brasil. O presidente disse que há interesses da comunidade internacional sobre a Amazônia brasileira.

Bolsonaro voltou a culpar indígenas pelas queimadas, principalmente no Pantanal. Também denunciou uma “campanha de desinformação” sobre a derrubada das florestas.

“Somos vítimas de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal. A Amazônia brasileira é riquíssima, e isso explica o apoio de instituições internacionais a essa campanha escorada em interesses escusos, que se unem a associações brasileiras aproveitadoras e impatrióticas, com o objetivo de prejudicar o governo e o próprio Brasil”, disse.