Como os presidenciáveis brasileiros opinaram sobre a guerra na Ucrânia
Lula, Ciro, Moro, Bolsonaro e Doria: veja como os postulantes ao mais alto cargo do Executivo se manifestaram sobre o ataque da Rússia ao país de Zelensky
Desde o início da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro deste ano, diversos nomes da política brasileira se manifestaram. Algumas dessas figuras públicas divergiram sobre qual lado apoiar, mesmo estando no mesmo espectro ideológico.
No dia em que a operação militar russa começou, o vice-presidente da República, o general da reserva Hamilton Mourão, defendeu o uso da força contra a Rússia.
Segundo ele, apenas uma ação de sanções econômicas não surtiria efeito para colocar fim ao conflito. “Tem que haver o uso da força, realmente um apoio à Ucrânia, mais do que está sendo colocado”, opinou.
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Horas depois da declaração, Jair Bolsonaro (PL), ao lado do ministro das Relações Exteriores, Carlos França, desautorizou o vice em sua live semanal, mas não se posicionou contra a invasão.
“Quem fala sobre esse assunto é o presidente. E o presidente chama-se Jair Messias Bolsonaro”, disse. “E ponto final.”
Coincidência ou não, o presidente se encontrou com Vladimir Putin dias antes do início do confronto. Nos dias que sucederam o episódio, Bolsonaro manteve a neutralidade.
Depois de pressão internacional, coube ao embaixador brasileiro Ronaldo Costa Filho, em discurso na ONU, condenar a invasão das tropas da Rússia e pedir cessar-fogo imediato.
Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e amigo do presidente, que articula uma candidatura a deputado federal, comentou a guerra na Ucrânia em um vídeo publicado nas redes sociais.
De acordo com o conhecimento de geopolítica do policial militar reformado, a Ucrânia tem um “governo de esquerda, frouxo, comédia e que desarmou o povo”.
Curiosamente, pouco tempo atrás, bolsonaristas admiravam a Ucrânia e viam as ações naquele país como modelo a ser seguido no Brasil. A extrema-direita brasileira desejou ter uma milícia armada nos moldes ucranianos. Sara Winter era uma das apoiadoras da “ucranização do Brasil”.
Presidenciáveis comentam a guerra da Ucrânia
A neutralidade de Bolsonaro, que tentará a reeleição neste ano, não foi acompanhada pelos outros presidenciáveis. Os prováveis candidatos a assumir o cargo de presidente da República usam as redes sociais para expressar as suas impressões sobre a guerra na Ucrânia.
Ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro, Sergio Moro (Podemos) fez um comentário no dia do início do conflito. “Repudio a guerra e a violação da soberania da Ucrânia. A paz sempre deve prevalecer”, escreveu.
No dia 6 de março, o presidenciável foi mais enfático na crítica aos russo. “Não esperem de mim o silêncio diante da invasão da Ucrânia pela Rússia e da morte de civis, como Bolsonaro faz agora.”
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que não costuma estar em concordância com Moro, também criticou a atitude de Putin assim que o combate começou.
“Ninguém pode concordar com guerra, ataques militares de um país contra o outro. A guerra só leva a destruição, desespero e fome.”
“O ser humano tem que criar juízo e resolver suas divergências em uma mesa de negociação, não em campos de batalha”, completou.
“Frágil, despreparado e perdido”, tuitou o também pré-candidato Ciro Gomes (PDT) sobre a “neutralidade” de Bolsonaro. “No mundo atual não existe mais guerra distante e de consequências limitadas”, escreveu.
“O Brasil não pode ter dubiedade em relação a isso, muito menos fazer o que o Bolsonaro está fazendo, dando sinais trocados, que nos cobrem de vergonha”, disse em entrevista ao jornalista Jamil Chade no canal MyNews. “Porque há até alguma honradez em uma posição errada que tome um lado, como Cuba, Nicarágua e Venezuela fizeram. Apoiaram Putin com clareza, há uma certa honra”.
O governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência João Doria (PSDB) reprovou a invasão russa no Twitter. “Guerra nunca é resposta a nada. Ninguém ganha quando a violência substitui o diálogo.”
“Muitos acabam pagando pelas decisões de poucos. O que está em jogo são milhões de vidas humanas. Mais do que nunca o mundo precisa de paz”, escreveu.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), que foi cogitado para ser candidato à Presidência da República com apoio de uma ala do chamado “Centrão”, emitiu nota oficial do Poder Legislativo para condenar a guerra.
“Consoante a política externa brasileira, que historicamente tem-se orientado pela busca da paz e pela solução negociada dos conflitos internacionais, como presidente do Congresso Nacional e, em nome de meus pares, reafirmamos a necessidade de um diálogo amplo, pacífico e democrático com vistas a uma rápida solução negociada que contemple os legítimos interesses das partes envolvidas”, afirmou.
Segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados, até agora, mais de 4,8 milhões de ucranianos fugiram das suas casas e 2,8 milhões deixaram o país.