Pronunciamento de Bolsonaro é criticado por governadores: “Está fora da realidade”
"Desconectado da realidade, desconectado da ação do Ministério da Saúde, atrapalha o trabalho dos governadores e menospreza os efeitos da pandemia"
O discurso catastrófico de Jair Bolsonaro em rede nacional surtiu efeitos. Em todo o país, governadores criticaram o pronunciamento feito na noite da última terça-feira, 24, e apontaram desgaste no trabalho realizado pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Mesmo diante dos números, 47 mortes mais de 2.200 casos, o presidente voltou a chamar o coronaírus de “gripezinha”, criticou as medidas de isolamento e atacou prefeitos e governadores que decidiram fechar escolas. Também atacou a imprensa ao chamar a crise mundial de “histeria”.
País sem direção
No twitter, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), destacou que a mensagem Bolsonaro evidencia um país “sem direção”. “Desconectado da realidade, desconectado da ação do Ministério da Saúde, atrapalha o trabalho dos governadores e menospreza os efeitos da pandemia”
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E que, além disso, desqualifica o elogiado trabalho do Ministério da Saúde. “O ministro não tem legitimidade para permanecer mais no ministério”.
Cagrande ainda chamou atenção para a necessidade de uma reunião entre os dirigentes estaduais. “Os governadores precisam se reunir, estamos sem coordenação. O ministro e os governadores de um lado e o presidente menosprezando a pandemia de outro”, disse.
Já o governador do Maranhão, Flávio Dino (P do B), acredita que Bolsonaro deflagrou o próprio impeachment. “Viu que perdeu a governabilidade”. “Ele mesmo deflagrou o seu próprio processo de impeachment. Está completamente fora da realidade”, afirmou.
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Fátima Bezerra (PT), governadora do Rio Grande do Norte, ressaltou que o posicionamento do presidente “é de uma perplexidade sem tamanho, é inaceitável e lamentável”.
“Confesso que depois da iniciativa do presidente, de ter atendido os governadores, achei que fosse mudar”, disse ela. “E aí hoje ele vem com essa postura e com esse conteúdo, totalmente na contramão de todas as medidas que, com tanto esforço e responsabilidade, os governadores e prefeitos vêm enfrentando a pandemia?”.
Hélder Barbalho (MDB), governador do Pará, ressaltou a manutençaõ do trabalho de prevenção:
“Todo o nosso objetivo é aliviar o sistema de saúde para que as pessoas que eventualmente fiquem doentes possam ser tratadas. Por isso, suspendemos temporiariamente as aulas, festas, o comércio e os bares. Com menos gente circulando, o vírus circula menos e a gente não tem uma multidão batendo nas portas dos hospitais ao mesmo tempo”, disse.
Ainda cobrou as medidas anunciadas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes: “precisam ser colocadas em prática imediatamente, porque as empresas não aguentam muito tempo.”
Governador do terceiro estado com maior número de casos, Camilo Santana, do Ceará, publicou em suas redes sociais que continuará seguindo as recomendações dos profissionais da saúde “têm sido a melhor forma de enfrentamento ao coronavírus”.
“Tenho apenas um comentário a fazer: vamos continuar trabalhando fortemente as ações que visam evitar o avanço do coronavírus em nosso estado, como temos feito até aqui”.