Rafael, de 4 anos, é autista e surpreende ao falar só em inglês

Para os especialistas, as crianças com autismo podem apresentar mais dificuldades para falar do que as outras – clique aqui para ler a matéria sobre o assunto -, porém, muitas vezes, a vida dá exemplos de como o entendimento sobre o desenvolvimento infantil ultrapassa a ciência.

Rafael, de quatro anos, de Santa Catarina, surpreendeu os pais e chamou a atenção da mídia exatamente por simbolizar essa espécie de mistério insondável da infância. Diagnosticado com autismo, o pequeno tinha dificuldade para se comunicar e, de repente, mesmo sem nunca ter saído do país, começou a falar inglês.

O “hiperfoco”, ou seja, focar a atenção em uma determinada coisa por um longo período, é uma das característica da criança com autismo.

O pequeno recebeu o diagnóstico do autismo com pouco mais de 1 ano e oito meses, quando os pais perceberam que ele tinha um comportamento recluso e não conseguia manter situações de interação social. Desde então, eles passaram a fazer de tudo para estimular o desenvolvimento das habilidades de interação do menino.

A capacidade de nomear os números, as cores e os objetos em inglês surgiu depois que Rafael aprendeu a mexer em em tablet, onde teve contato com animações em inglês. O comportamento desenvolvido pelo pequeno tem explicação científica: para os pedagogos, o “hiperfoco”, que é uma das principais características do autismo, é a atenção focada em uma única coisa. Ou seja, o inglês chamou a atenção de Rafael e por isso ele resolveu dedicar toda a sua atenção para aquilo.

A comunicação é de importância fundamental para o desenvolvimento de qualquer criança. No caso do autismo, é preciso incentivar as formas de linguagem que são mais familiares e acessíveis para a criança.

Lucia Haertel, neurologista infantil, explicou ao R7 como funciona isso na prática. “A imagem chama muito a atenção da criança autista. Elas têm uma memória visual muito boa. Neste caso, a imagem associada à palavra em inglês fez com que ele memorizasse, e então ele criou realmente uma preferência pelo idioma”.

Porém, Lucia ressalta que tentar incentivar uma criança a falar a partir de uma língua estrangeira não é recomendado, pois isso restringe as possibilidades de comunicação, uma vez que não se trata de sua língua materna nem de seu convívio social e familiar.

De acordo com os especialistas no assunto, ainda com ressalvas e considerando o contexto de cada pequeno, a capacidade de interação de crianças com autismo pode ser incrementada a partir de estímulos visuais, já que elas naturalmente apresentam uma dificuldade de interação com outras pessoas. Como aconteceu no caso de Rafael, as imagens podem ser portas de entrada, mas não as únicas formas de interação.

Para as crianças autistas, é mais comum que a televisão ou outros mecanismos como vídeos e tablets tenham mais impacto em sua em sua forma de apreender a linguagem. O déficit social, somado a outros aspectos da condição, parece ser uma das causas que motivam os problemas de comunicação de crianças diagnosticadas com autismo. Leia a matéria publicada pelo Catraquinha sobre o tema aqui.

*Com informações de R7

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