Representante diz que filha foi coagida a inocentar João de Deus
Sabrina Bittencourt, ativista social pelos direitos humanos, reafirma que Dalva foi abusada desde a infância
Sabrina Bittencourt, ativista social pelos direitos humanos, negou a veracidade do vídeo divulgado no perfil oficial de João de Deus nesta terça-feira, 11, em que Dalva Teixeira, filha do médium, aparece desmentindo a informação de que teria sido vítima de abuso sexual por parte do pai.
Representante de Dalva e do advogado da vítima, Marcos Eduardo Bocchini, no caso das denúncias contra o espírita, a empreendedora social afirmou que a gravação em que Dalva aparece não é de agora, e sim, de 2017, época em que teria sido ameaçada pela equipe do pai caso levasse adiante as acusações.
“Ambos [Dalva e Marcos Bocchini] estão sofrendo ameaças de morte. Eu também, há dois meses. Mas a informação que temos é que ela era abusada desde a infância”, revelou em entrevista exclusiva à Catraca livre.
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Segundo Sabrina, Dalva foi internada em uma clínica de forma compulsória assim que João de Deus soube das primeiras acusações feitas por ela, e foi obrigada a gravar o vídeo negando os tais crimes. Na ocasião, o médium estava lançando o documentário “João de Deus – O Silêncio É uma Prece” e teria ficado com medo de o escândalo prejudicar a repercussão do longa.
“Eles lançaram esse vídeo gravado em 2017, quando os filhos [de Dalva] estavam sendo ameaçados de morte. Ele tinha sedado ela e internado de forma compulsória. Depois de internada por um tempo, os capangas de João foram ate lá – porque ele estava com medo [de ser descoberto] – e foi feito um acordo financeiro para o processo não ser levado adiante. Estava na época do lançamento do filme dele. Então, eles disseram: ‘Se você não gravar esse vídeo, nós vamos matar o seus filhos’. E o João de Deus a fez dizer que isso era uma motivação do ex-marido, por dinheiro”, declarou.
Sabrina Bittencourt reiterou também que tem sido procurada por outras mulheres que relataram abusos de João de Deus e as orienta a fazer uma denúncia ao Ministério Público. “Eu tenho recebido tantas denúncias e direcionando ao Ministério Público e a terapeutas, porque a mídia tem mostrado esse caso na TV e elas [vítimas] acabam assistindo tudo isso e a emoção volta”.
A ativista social também afirmou que as acusações não são de agora. Segundo ela, diversas mulheres foram às delegacias denunciar o médium e teriam recebido orientações de não dar sequência no processo, pois “João de Deus é muito perigoso e tem costas quentes no judiciário”.
“Muitas delas, inclusive, são pressionadas a não falar nada pela própria família, que é devota dele, por maridos, e eu fico com um trabalho de convencimento destas vítimas”, completou.
#OprahWeNeedYou
Sabrina criou junto com um grupo de mulheres o Combate ao Abuso no Meio Espiritual (COAME), para recolher depoimentos e dar apoio às vítimas. Além disso, a ativista lançou uma campanha por meio do Facebook para fazer um alerta às celebridades como Oprah Winfrey – que se consultou com João de Deus – sobre o escândalo dos abusos.
https://www.facebook.com/sabittencourt/videos/10217974158369604/
Denúncias
O Ministério Público criou uma força tarefa para investigar os casos de abuso sexual que teriam sido cometidos pelo médium. Segundo o órgão, nos últimos dias, mais de 200 mulheres afirmaram terem sido vítimas do acusado.
Conhecido em todo mundo como João de Deus, João Teixeira de Faria tem 76 anos. A casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, recebe até cinco mil pessoas por semana para atendimentos e cirurgias espirituais. Os primeiros casos de abuso contra o médium vieram à tona no programa “Conversa com Bial”, da última sexta-feira, 7.