Diversidade cultural da cidade de São Paulo é tema de encontros na Biblioteca Mário de Andrade

Por Redação
28/01/2011 14:59 / Atualizado em 05/05/2020 16:16

A Biblioteca Mário de Andrade promove nos sábados de fevereiro mesas-redondas mediadas por representantes da instituição, seguidas de apresentações musicais. O ciclo se estende até o mês de maio.

Iniciado em janeiro, este ciclo tem como objetivo difundir e valorizar a diversidade cultural que caracteriza a cidade de São Paulo e apresentar alguns recortes das manifestações que os diferentes grupos de imigrantes têm produzido na metrópole.

A programação conta com encontros semanais e temáticos, e cada um deles trata de determinado grupo de imigrantes, com foco na música e na sua integração com os demais grupos que formam a cidade. Os palestrantes, sempre que possível, darão destaque ao acervo da Biblioteca que trata dos imigrantes que residem na cidade.

Veja a programação completa

Dia 5

Italianos Em São Paulo
Mesa-redonda com Rosalba Facchinetti (jornalista e autora da obra Antes que Acabe Só em Pizza, pela Angellara) e Percival Tirapeli (titular em História da Arte pelo Instituto de Artes da Unesp e autor do livro São Paulo: Artes e Etnias, entre outros).

In Terra Lontana
Apresentação musical com Adelia Issa (soprano), Alessandro Greccho (tenor), Sandro Bodilon (barítono), Biagio Mario Villani (piffero), Emilio Ferrara (zampogna) e Leonardo Fernandes (piano). Participação especial: Eloy de Abreu (barítono).

O programa reúne obras vocais de música erudita, popular e de salão, pontuadas por intervenção de música tradicional, por meio de um duo de gaitas de fole tocadas por membros da comunidade que ainda hoje atuam, na época do Natal, à frente dos presépios e nas portas da Igreja dos Italianos para “chamar os pastores”. Serão apresentados na Biblioteca cantos tradicionais de regiões italianas como Sardenha Toscana e Veneto; música de salão praticada pelos imigrantes nos anos 1910 e 1920, com obras de Vidal, Bixio e Tagliaferri; associações líricas, com obras de compositores como Gioachino Rossini, Giuseppe Verdi e Antonio Carlos Gomes; e a herança musical brasileira, com peças de Francisco Mignone e Camargo Guarnieri.

Atividades seguidas. Dia 5, das 16h às 18h

Dia 12

Russos Em São Paulo
Mesa-redonda com Boris Schnaiderman (ucraniano precursor, em 1960, do curso de Língua e Literatura Russa na USP e tradutor de escritores de seu país, como Fiódor Dostoiévski e Anton Tchekhov) e Tatiana Belinky (nascida em São Petersburgo, na Rússia, aos 10 anos imigrou com a família para São Paulo e se tornou uma das mais importantes escritoras de literatura infantil do Brasil; é autora de livros como Coral dos Bichos e Di-versos Russos).

Cantos Sacros E Profanos
Apresentação musical com o Coro da Catedral Ortodoxa de São Nicolau. Regência: Helena Panko Protocevich e Delphim Rezende Porto Junior (Aleluia). Solista: Pe. Konstantino Bussyguin. Leitores: Tatiana Bussyguin e Gustavo Yonemura Ramirez. Participações especiais: Vesna Bancovic (meio-soprano) e Dana Radu (piano).

A comunidade russa em São Paulo reúne-se, principalmente, em torno dos eventos religiosos e culturais organizados pela Igreja Ortodoxa Russa, e mantém, também, o hábito sedimentado no século 19 de cantar em família. O programa apresentado na Biblioteca inclui obras da tradição russo-ortodoxa da Semana Santa, com leituras salmodiadas, preces entoadas e hinos religiosos. Serão, ainda, interpretadas obras de compositores russos dos séculos 19/20, como Mikhail Glinka, Rimsky Korsakov e Piotr Ilich Tchaikovsky.

Atividades seguidas. Dia 12, das 15h às 17h

Dia 19

Japoneses Em São Paulo
Mesa-redonda com Jo Takahashi (arquiteto que atua como consultor de arte e cultura na Fundação Japão, onde trabalhou durante 25 anos como administrador cultural; é criador da produtora Dô Cultural, especializada em cultura japonesa) e Madalena Natsuko (professora doutora da USP, onde coordena o curso de graduação em Língua e Literatura Japonesa; traduziu autores japoneses como Makurano Sôshi e Akutagawa).

Tons De Outono
Com Danilo Tomic e Alexander Iwami (shakuhachi), Camilo Carrara (violão), Kayami Satomi (violoncelo), Tamie Kitahara, Yuko Ogura e Reiko Nagase (kotô).

Em São Paulo, entre as instituições que mais têm se dedicado ao estudo da música antiga e contemporânea do Japão, destaca-se a Associação Brasileira de Música Clássica Japonesa, que ensina aos alunos instrumentos tradicionais como o shakuhachi (de sopro) e o kotô (de cordas). Atualmente a sociedade é dirigida por um de seus principais discípulos, o compositor paulistano de origem sérvia Danilo Tomic, mestre em shakuhachi. Executado com instrumentos tradicionais, o programa apresentado na Biblioteca reúne obras da música clássica japonesa dos séculos 8 ao 18, de autores anônimos e de Yoshisawa Kengyo; composições criadas entre 1930 e 1950, compostas por Michio Miyagi e Rando Fukuda; e obras contemporâneas de autores como Kohachiro Miyata, Katsuhiko Yoshizaki e Danilo Tomic.

Atividades seguidas. Dia 19, das 16h às 18h

Dia 26

Germânicos Em São Paulo
Mesa-redonda com Willi Bolle (nascido em Berlim, Alemanha, é professor titular de Literatura na USP e autor de obras como Fisiognomia da Metrópole Moderna: Representação da História em Walter Benjamin, pela Edusp; e Grandesertão.br, pela Duas Cidades e 34) e Daniela Rothfuss (alemã que tem mestrado em História e Ciências Políticas pela Universidade de Tübingen, Alemanha; é coordenadora do Arquivo e da Biblioteca de Imigração Alemã do Instituto Martius-Staden e responsável pelos projetos históricos conduzidos pela instituição).

Ecos Do Reno E Do Danúbio
Com Andrea Kaiser (soprano); Walter Weiszflog (barítono); Trio Kaiser-Miller-Bock, formado por Andrea Kaiser (soprano), Gretchen Miller e Vana Bock (violoncelo); e Trio MiRiMa, formado por Uwe Kleber (violino), Gretchen Miller (violoncelo) e Maria Elisa Risarto (piano).

A imigração alemã de São Paulo é a mais antiga das imigrações oficiais no Brasil e contribuiu muito na formação musical da cidade durante o século 19 e boa parte do 20, principalmente por meio de agremiações musicais e de centros de estudo, como o Club Haydn, fundado em 1883; a Sociedade Filarmônica Lyra; a Sociedade Bach; e a Escola Livre de Música Pró-Arte; com suas apresentações de músicas barroca e de câmara, de óperas, operetas e exemplos de haussmusik (música realizada em reuniões domésticas por instrumentistas e cantores). No programa apresentado na Biblioteca, obras de Georg Friedrich Haendel e Robert Schumann, entre outros compositores, além de canções folclóricas e tradicionais alemãs harmonizadas por Johannes Brahms e Ludwig van Beethoven.

Atividades seguidas. Dia 26, das 16h às 18h