Tutora acusa clínica de fazer cirurgia em cachorra sem anestesia

Longas internações e cirurgias desnecessárias para obter lucro fazem parte do histórico da clínica

A tutora da cadelinha Rubi a levou ao Hospital Veterinário de Maceió com a barriga inchada. Pouco depois, sem qualquer explicação, ela recebeu um vídeo do animal sendo operado “se mexendo”. Rubi não resistiu.

A polícia foi chamada a investigar e descobriu relatos de maus-tratos, cirurgias desnecessárias e tortura contra animais indefesos.

Tutora acusa clínica de fazer cirurgia cachorra sem anestesia
Créditos: Reprodução/TV Globo
Tutora acusa clínica de fazer cirurgia cachorra sem anestesia

“Ninguém sabe se ela precisava de uma cirurgia, e acredito que ele não anestesiou esta cachorrinha. Nenhum animal que esteja anestesiado fica se mexendo”, disse ao Fantástico do último domingo, 4.

“No dia em que eu estive na clínica tomando satisfação ele me ameaçou. Me disse que eu não sabia com quem eu estava mexendo”, relatou.

Os veterinários Helder Lima de Oliveira e Jairo Miranda dos Santos queriam, segundo a polícia, apenas obter lucro.

O Hospital Veterinário foi interditado e os animais encaminhados a outras clínicas.

Veja o que é considerado maus-tratos:

Maus-tratos não é só a violência física e a Lei entende que até negligência médica pode ser considerada crime
Créditos: iStock/@germi_p
Maus-tratos não é só a violência física e a Lei entende que até negligência médica pode ser considerada crime

– Abandonar

– Ferir, mutilar ou envenenar

– Manter preso permanentemente em correntes

– Manter em locais pequenos e sem higiene

– Não abrigar do sol, da chuva e do frio

– Deixar sem ventilação ou luz solar

– Não dar comida e água diariamente

– Negar assistência veterinária ao animal doente ou ferido

– Obrigar a trabalho excessivo ou superior à sua força

– Utilizar animais em shows que possam lhe causar pânico ou estresse

– Capturar animais silvestres

– Promover violência como rinhas, farra-do-boi, dentre outros

Como denunciar maus-tratos

Primeiramente, certifique-se de que a denúncia é verdadeira. Falsa denúncia é crime, como descrito no artigo 340 do Código Penal Brasileiro. Não tenha medo: é possível denunciar de maneira anônima ou pedir sigilo dos dados no momento da denúncia.

Vale dizer também que o denunciante figura apenas como testemunha do caso, pois é o Estado quem denuncia na prática e é autor de todo o trâmite.

Caso a situação de maus-tratos esteja ocorrendo no momento do flagrante, a orientação é ligar no 190, pedir uma viatura no local e aguardar a chegada da polícia.

Se a situação for recorrente, é importante reunir evidências dos maus-tratos, como fotos, vídeos e áudios. “Quanto mais material tiver, maior embasamento técnico terá a denúncia para poder prosperar”, explica a advogada Monica Grimaldi. Já se o animal foi encontrado ou foi pego sendo espancado, a orientação é levá-lo ao veterinário, pedir os laudos e processar o autor dos maus-tratos, caso ele seja conhecido.

Em caso de abandono ou atropelamento, deve-se anotar a placa do carro para levantar a identificação do motorista no Detran. Envenenamentos de animais e ameaças também devem ser denunciados.

Monica Grimaldi lembra que essa é uma das maneiras de praticar cidadania. “As pessoas têm que entender que o animal não tem a quem recorrer, não tem voz. Denunciando, você estará salvaguardando a vida de um inocente. Mas sendo omisso, você está sendo conivente com o crime e, dessa forma, também é culpado”, afirma a advogada.

Dicas para facilitar a denúncia

  • Fotografe e/ou filme os animais vítimas de maus-tratos e, se possível, reúna testemunhas;
  • Ao fazer a denúncia, procure uma cópia por escrito do art.32 da Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal n.º 9.605 de 1998), uma vez que há policiais que desconhecem o conteúdo dessa lei.

DENUNCIE maus-tratos:

Polícia Militar -190

Disque-Denúncia – 181

Ibama (no caso de animais silvestres)

Linha Verde – 0800 61 8080

www.ibama.gov.br/denuncias

Polícia Ambiental

Pelo site: http://denuncia.sigam.sp.gov.br/

Por e-mail: ambientaldenuncias@policiamilitar.sp.gov.br

Ministério Público Federal – http://www.mpf.mp.br/servicos/sac