A cultura do brechó é uma solução ao consumo em excesso
Por Vitor Fernando, consultor de moda do Vitrine Catraca Livre
É de se notar o quanto a moda anda cada vez mais rápida, ela até corre. Antes do século 20, a moda poderia se manter em voga por, mais ou menos, 100 anos. No século 20, a história passou a contar décadas para cada novo estilo e, em sua segunda metade, durou ainda menos, de anos a semestres. Na virada do milênio, a moda então é recriada a cada três meses. Sem contar as lojas de departamento e magazines que lançam novas coleções em menos de um mês.
A lógica do brechó é vender por um preço baixo a camisa que não se quer mais, mas especialmente aquela que pertenceu a seu pai nos anos 70, que foi herdada do teu avô que a comprou em 1930. Uma peça genuinamente vintage. O reúso dessa camisa significa negar-se a alimentar a confecção de camisas novas, onde as sobras dos materiais viram lixo. Além de evitar o derramamento de produtos químicos – usados no tingimento e beneficiamento dos tecidos – em rios e córregos e eliminar qualquer dúvida sobre a mão de obra utilizada para que o produto final alcance um valor acessível a grande parte da população.
Eis que surge a dúvida: como uma camisa de 1930 ainda está em boas condições de uso depois de 85 anos? Há um tempo, quando a moda ainda “caminhava”, vendia-se menos, produzia-se menos e, então, com calma, era possível dar atenção à qualidade da peça, à escolha de bons materiais, acabamentos e costuras. Disso se consegue um produto o qual, com devidos cuidados, pode ser útil ao seu neto – por que não?
O Brechó Volta ao Mundo fica localizado em São Paulo, na rua Turiassú, 876, Perdizes. A loja conta com mais de 30 mil peças, entre roupas e acessórios nos segmentos feminino adulto e masculino adulto. Confira algumas peças:
