A trajetória acadêmica de Thelminha: prounista e a única mulher preta da turma

Na universidade, Thelma não tinha condições de comprar os instrumentos e os livros do curso, usava fotocópias e almoçava todo dia no restaurante popular

28/04/2020 13:29 / Atualizado em 29/04/2020 18:00

Thelma Assis, mulher preta, médica anestesiologista, foi a grande vencedora da histórica final do Big Brother Brasil (BBB20)! Mas a luta de Thelminha, infelizmente, não se resume a ganhar um reality. Nascida e criada na periferia de São Paulo, e adotada com três dias de vida, estudou com bolsa e foi a única mulher negra de sua turma na universidade.

Seu sonho de ser médica surgiu ainda criança, quando foi tratada de uma bronquite. Para conseguir entrar no curso de medicina, ela passou três anos estudando em cursinho. Após as três tentativas, Thelma cursou a graduação na PUC-SP, no campus de Sorocaba, com bolsa de 100% pelo Programa Universidade para Todos (ProUni).

Thelma se formou em medicina sendo a única mulher negra da turma
Thelma se formou em medicina sendo a única mulher negra da turma - Reprodução

Seus pais adotivos, a funcionária pública aposentada Yara Assis, e o gráfico Carlos Alberto de Assis, moveram o mundo para dar a melhor educação para a filha. Thelma havia estudado em escola particular até o final do ensino médio (antes disso estudou em escola pública), fez balé e ajudava os pais a pagar a mensalidade do cursinho dando aulas e distribuindo panfletos.

“Eu sou fora da curva: fiz colegial em escola pública, fiz cursinho de R$ 120, que era o que minha mãe podia pagar, consegui uma bolsa em um cursinho melhor e entrei [na universidade] como bolsista. Eu era a única menina negra da minha turma. Tinham 100 pessoas, 99 eram brancas“, contou a sister, enfatizando a luta pelo diploma e a falta de negros nas universidades.

A foto da formatura da Thelma repercutiu nas redes sociais
A foto da formatura da Thelma repercutiu nas redes sociais - Reprodução/TV Globo

“Eu estudei com filho de político, de fazendeiro, e o kit básico para entrar na minha sala era ganhar carro e apartamento e eu não tinha um livro”, disse a anestesiologista.

Entrar na universidade é difícil, manter-se nela é outra realidade ainda mais dura em um país racista e desigual como o nosso. Já matriculada, Thelma não tinha condições de comprar os instrumentos e os livros do curso, que são caríssimos. Para economizar, usava fotocópias e almoçava no restaurante popular a R$ 1.

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Sua formatura foi uma explosão de emoção! Só de lembrar de toda sua trajetória para chegar ali, impossível não derrubar as lágrimas. Antes de topar entrar no BBB20, a médica anestesiologista trabalhava em quatro hospitais da grande São Paulo.

Confira imagens da formatura de Thelma na faculdade de medicina:

“Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela.” (Angela Davis)