Além da barbárie, Thelma aponta erro técnico do médico estuprador
Thelma Assis é médica anestesista disse que, além de permitir que a mulher acompanhe o parto, existe um motivo técnico para não se sedar gestante
A vencedora do BBB 20, Thelma Assis, que é médica anestesista, esteve no programa “Encontro“, na manhã desta terça-feira, 12, comentando o caso do médico estuprador, Giovanni Quintela Bezerra, que foi preso em flagrante nesta segunda-feira por estupro de uma gestante que passava por cesárea no Rio de Janeiro.
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Thelma explicou que, além do estupro, Giovanni foi imprudente na sedação da paciente. “Tecnicamente, a anestesia pra gestantes, em sua maioria, ela toma um bloqueio, que se chama espinhal, porque a gente guia a nossa referência pela coluna. São anestesias que vão proporcionar que a paciente não sinta dor, que ela não se movimente do abdômen pra baixo. No geral, as pacientes gestantes são anestesiadas dessa forma. Salvo algumas exceções, que exigem uma anestesia geral ou uma sedação com indicação muito precisa”, explicou.
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“Não é rotina sedar paciente gestante, ate mesmo por uma proteção da via aérea. Além de manter acordada pra ter todo aquele momento sublime do parto, de recepcionar o bebe, também tem um motivo técnico. Então além de um crime, ele também cometeu uma imprudência. Ele estava expondo paciente ao risco se ele a sedou sem indicação” explicou a ex-BBB.
“O que a gestante faz no pós-parto imediato? Ela amamenta o bebê. Esse sedativo pode interferir também nessa amamentação. Tudo está errado nessa história”, avaliou Thelma
Para ela, “tudo o que aconteceu foi uma atrocidade”. “Eu acordei ontem com essa notícia, fiquei em choque como profissional de saúde. Uma gestante, no momento que ela precisa se sentir mais protegida”, lamentou.
“É importante, sim, essa atitude das enfermeiras”, elogiou a Thelma ao falar sobre as mulheres esconderam o celular para filmar a conduta do médico anestesista e com isso conseguiram o flagrante para o crime. Essas profissionais não acompanharam o procedimento, elas só viram o flagrante quando pegaram o telefone.
“Quando a gente está no hospital, a gente forma uma equipe multidisciplinar. E é responsabilidade dessa equipe, é responsabilidade do anestesista, prestar cuidado com o paciente no período que antecede o parto, durante o parto e no período pós-parto imediato. Então isso tudo que aconteceu foi uma atrocidade”, afirmou Thelma.
“Esse criminoso não é médico. Ser médico é muito mais do que você ser detentor de um conhecimento. Ser médico é você ser empático, é você se colocar no lugar do outro, é você ter sensibilidade, solidariedade. Então ele é portador de um CMR, que eu espero que ele perca o quanto antes”, afirmou Thelma, citando o registro no Conselho Regional de Medicina que todo o médico precisa obter para exercer a sua profissão.