Polícia pega leve ao prender médico estuprador; e se ele não fosse branco?

O momento da prisão de Giovanni Quintella Bezerra foi filmado; Veja o vídeo:

Giovanni Quintella Bezerra, o médico preso em flagrante por estuprar uma paciente durante o parto de cesariana, teria tido a abordagem policial leve como a que teve, se ele não fosse um homem branco? E se ele fosse negro?

Polícia pega leve ao prender médico estuprador; e se ele não fosse branco?
Créditos: Reprodução/GloboNews
Polícia pega leve ao prender médico estuprador; e se ele não fosse branco?

O médico demonstrou ter ficado surpreso ao receber voz de prisão da delegada Bárbara Lomba e ao saber que tinha sido filmado estuprando a paciente. Giovanni foi indiciado por estupro de vulnerável, em que a pena varia de 8 a 15 anos de prisão.

Em uma publicação no Instagram, o coordenador do AfroRaggae, William Reis, abordou o tema. “O crime bárbaro que chocou todo Brasil deve ser pauta que é essa cultura do estupro no nosso país mas o que chocou também foi abordagem policial feita sobre o criminoso e a mídia em suas matérias o chamando de ‘suspeito'”, iniciou.

“Por reconhecimento facial homens negros são os mais presos inocentemente nesse país, e se você der um Google vai observar as mídias sempre tratando branco como suspeito e negros como criminosos. Homens negros são os que mais estão no sistema carcerário do Brasil e muitos dos que estão presos não tiveram julgamento ou provas concretas. Só demonstra que o sistema carcerário no Brasil tem perfil: Preto e pobre”, ressaltou o coordenador do AfroRaggae.

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Voltando para o caso de Giovanni, ele foi preso em flagrante, ele teve seu crime registrado por uma câmera escondida. “Vocês viram como foi dada a voz de prisão a ele? Quase que os policiais o imploraram para os acompanhar na delegacia. Vocês não perceberam o constrangimento da policial na prisão? Será que se ele fosse preto e favelado, seria essa a mesma postura policial?”, questionou o ativista.

Willian chama a delicadeza com que o médico estuprador foi preso de “pacto da branquitude”. O coordenador do AfroRaggae explica que nessa pacto, “no racional e no irracional, brancos tem seus privilégios até mesmo quando cometem crimes bárbaros com provas concretas. Este código ético entre a branquitude e isso está em todos lugares, ele está na política, ele está na educação, ele esta entre quem controla financeiramente o país, ele está em todas as esferas, até mesmo na esquerda e direita existe isso”.

Nos comentários da publicação, a cantora Teresa Cristina comentou: “Concordo com tudo! A delicadeza da delegada me embrulhou o estômago. Fosse um homem preto, já estaria até morto”.

O canal @pretitudes, publicou um ‘meme’ sobre o caso que elucida bem a diferença das abordagens policiais, comparando o caso do médico estuprador com o homem sem capacete que morreu vítima de uma câmera de gás improvisada por policiais rodoviários em Sergipe.

Nos comentários da publicação, Marcos Lucas Valentim, repórter do SporTV e líder do grupo étnico-racial da Globo, escreveu: “Não há nada, absolutamente NADA, mais fácil neste país do que ser um homem cis branco”.

E se o médico estuprador não fosse um homem branco?
Créditos: Reprodução/Instagram @pretitudes
E se o médico estuprador não fosse um homem branco?