BBB 22: Natália questiona Eli por que ele só a beija nas festas

A pergunta de Natália para Eliezer traz uma série de gatilhos para várias de nós, mulheres fora do padrão e você precisa refletir sobre isso

Eliezer e Natália se retiraram da festa do líder Paulo André no Big Brother Brasil 22 (BBB 22), para darem uns beijos à sós, no quarto Grunge, na última quarta-feira, 2.

BBB 22: Natália questiona Eli por que ele só a beija nas festas
Créditos: Reprodução/Globoplay
BBB 22: Natália questiona Eli por que ele só a beija nas festas

Enquanto trocavam beijos, Natália perguntou a Eli por que eles não ficam nos dias comuns, mas apenas quando há festas. Eliezer negou e disse que beijam sim, mas a mineira discordou. Segundo ela, eles só trocam carinhos em dias com evento. E realmente, acompanhando o reality diariamente, não tenho lembranças de beijos e carinhos sem ser em dias de festa no reality.

Em seguida, Eli justificou: “Eu tenho passado por dias ruins. Tenho cometido erros, digamos assim”, confessou o brother. Natália perguntou quais são os erros a que Eli se referiu, mas ele não quis contar. “Você não confia em mim?”, perguntou a sister. Eliezer confessou: “Eu fiquei na dúvida se você tinha votado em mim. Eu passei um dia com ódio, com raiva porque eu achei que você tinha votado em mim”.

Natália disse que jamais votaria no brother e o beijou.

O questionamento de Natália para Eliezer traz uma série de gatilhos para várias de nós, mulheres fora do padrão. Natália, uma mulher preta com vitiligo, é uma delas, mas há tantas outras por aí que o caso me motivou a falar sobre isso.

Eu não quero aqui generalizar, nem dizer que Eli só troca carinho com Natália nas festas de uma forma consciente, como se ele achasse que só vale a pena pelo tesão e que se envolver emocionalmente está fora de questão. Não é isso. Mas, é inegável que não houve, até agora, uma abertura para que essa relação fosse além de beijos e sexo durante e após as festas.

O que acontece ali entre os dois é comum a todas as mulheres. A questão é que com a gente, mulheres fora do padrão, esse tipo de situação é ainda mais comum, acontece repetidas e sequenciais vezes.

O cara nunca admite que o interesse é meramente sexual, que não está aberto a um envolvimento maior, mas sempre aparece uma outra mulher mais ‘dentro’ do padrão com a qual ele se permitiu ir além de uma ‘trepada’.

Vale lembrar que nesse BBB, mesmo, vimos uma situação semelhante como a descrita acima. Lucas no maior flerte com Natália, mas a escolhida do coração dele foi Eslovênia – mulher branca, magra, rostinho “angelical”, muito dentro dos padrões.

Ninguém aqui está dizendo que o sentimento de Lucas por Eslô não é sincero, acredito que seja. O discurso aqui é sobre disposição. A disposição que Lucas teve para se envolver com Eslvênia, que não teve com Natália e que Eli também não tem tido, até agora, pelo menos.

Por que não há essa disposição? Por que, para mulheres fora dos padrões, receber afeto de forma mais sincera e comprometida – e nem estou falando em namoro -, é tão mais difícil?

Não tenho todas as respostas para esses questionamentos. Mas acho que existir padrões tão estreitos de beleza para as mulheres e padrões sociais do que homens devem buscar para ter ao lado, apresentar aos amigos, à família, etc., gera esse tipo de comportamento descomprometido. O cara até pode gostar, mas não se permite viver algo a mais.

Me lembra um pouco da minha adolescência, quando caras só ficavam comigo escondido e eu achava ‘normal’, afinal, a sociedade condena, critica e acha feio mulheres gordas. Então, natural que o crush não queira ser visto comigo por aí. Uma piração louca, que com tempo e construção de minha autoestima, eu consegui deixar de lado e parei de normalizar esse tipo de agressão. Ainda bem.

Ainda em tempo, as coisas não mudarão em breve, a mudança é gradual e lenta, ainda mais enquanto a ditadura do padrão vigorar. Abrir espaços para dialogar sobre essas formas de se relacionar e questionar comportamentos de forma aberta traz a reflexão para nós mulheres e para os homens, também. E é assim que acredito que superaremos as barreiras impostas por um sistema político, econômico e social que nos reprime, oprime e poda nossa humanidade, nossa capacidade de amar.

Tempos melhores virão.

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