9 famosas que assumiram publicamente terem feito aborto

Sem a possibilidade de abortar legalmente no Brasil, muitas mulheres se expõem a condições precárias para interromper a gravidez

A notícia de que o Supremo Tribunal dos Estados Unidos pode derrubar o direito ao aborto reacendeu os debates sobre o tema em diversos países. Nos EUA, uma decisão histórica em 1973 permitiu que as mulheres escolhessem interromper a gravidez.

A polêmica entre os norte-americanos começou quando um rascunho do juiz conservador Samuel Alito foi vazado. No escrito, Alito defende que a liberação foi “flagrantemente errada” e precisa ser anulada. A autenticidade do material foi confirmada pela Suprema Corte.

11 famosas que assumiram publicamente terem abortado
Créditos: Fernando Frazão/Agência Brasil
11 famosas que assumiram publicamente terem abortado

No Brasil, o aborto induzido é crime, salvo quando a gravidez for resultante de estupro e quando não houver outro meio de salvar a vida da gestante. Há jurisprudência em casos de feto anencéfalo e em alguns de outras malformações.

Legalizado ou não, muitas mulheres apelam para a interrupção – não raro correm risco de perder a vida no processo. Algumas celebridades brasileiras e norte-americanas reconhecem publicamente que já abortaram e lutam pelo direito de escolha. Abaixo, conheça algumas delas:

1. Hebe Camargo

No programa Roda Viva, da TV Cultura, em 1987, Hebe Camargo revelou ter feito aborto aos 18 anos, resultado de uma relação como o seu primeiro parceiro.

Na ocasião, a apresentadora evitou polêmicas e se restringiu a dizer que o assunto era “extremamente delicado”. Assista a um trecho:

2. Whoopi Goldberg

No livro “The Choices We Made” (“As Escolhas que Fizemos”, em tradução livre), uma coletânea de 25 relatos sobre o aborto, a atriz Whoopi Goldberg conta que ficou grávida aos 14 anos e entrou em pânico.

“The Choices We Made” (“As Escolhas que Fizemos”, em tradução livre) é uma coletânea de 25 relatos sobre o aborto
Créditos: David Shankbone/WikiMediaCommons
“The Choices We Made” (“As Escolhas que Fizemos”, em tradução livre) é uma coletânea de 25 relatos sobre o aborto

“Fiz banhos quentes. Bebi misturas estranhas indicadas por outras meninas: uísque com um pouco de cloro, álcool e bicarbonato de sódio e um creme”, relata.

“Fiquei muito doente. Naquele momento, tive mais medo de ter que explicar o que havia de errado comigo do que usar um cabide, e foi o que fiz.”

3. Aracy Balabanian

A atriz Aracy Balabanian contou ter optado por abortar duas vezes – uma quando jovem, outra chegando aos 40 anos.

Aracy Balabanian abortou duas vezes por motivos diferentes
Créditos: Divulgação/Rede Globo
Aracy Balabanian abortou duas vezes por motivos diferentes

De acordo com a biografia “Nunca Fui Anjo” (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2005), a primeira vez ocorreu por motivos financeiros. “A profissão não era regulamentada, não tínhamos bons salários, licença-maternidade e direitos”, conta no livro.

“Fiz um segundo aborto, porque meu filho teria um pai que não desejaria para ninguém.”

4. Astrid Fontenelle

Durante o programa “Saia Justa”, da GNT, Astrid Fontenelle relatou ter abortado aos 18 anos. “Não sabia me proteger”, contou a apresentadora emocionada.

“Tive muito medo de contar para a minha mãe. Não tinha dinheiro, tive que vender uma joia da minha mãe e botar no prego.”

Astrid Fontenelle relatou ter abortado aos 18 anos
Créditos: Reprodução/GNT
Astrid Fontenelle relatou ter abortado aos 18 anos

5. Dercy Gonçalves

“Cada uma manda na sua xereca. Alguém vai mandar na minha? Eu vou pedir licença? O governo não tem nada a ver com isso”, declarou Dercy Gonçalves sobre os oito abortos que fez durante a vida.

O relato sobre os episódios está na biografia “Dercy: De Cabo a Rabo” (Globo Livros, 2011) e também no programa “Roda Viva”, de 1995. Veja:

6. Nicki Minaj

A cantora norte-americana Nicki Minaj contou, em entrevista à revista “Rolling Stone”, em janeiro de 2015, que interrompeu uma gravidez na adolescência.

Nicki Minaj contou sobre um aborto em entrevista à revista “Rolling Stone”

“Eu era uma adolescente, foi a coisa mais difícil que já passei”, disse. “Não estava pronta, não tinha nada a oferecer a uma criança.”

7. Maitê Proença

Também na adolescência, então com 16 anos, Maitê Proença decidiu abortar. A atriz contou sobre o episódio no livro “Uma Vida Inventada: Memórias Trocadas e Outras Histórias”.

Favorável à legalização do aborto, a atriz já tinha se pronunciado sobre o tema em uma entrevista à revista “Veja”, em 1997.

Maitê Proença revelou ter abortado na adolescência
Créditos: Reprodução/TV Cultura
Maitê Proença revelou ter abortado na adolescência

8. Marília Gabriela

Marília Gabriela revelou ter abortado na mesma revista “Veja”, de 1997. Em 2014, a apresentadora fez parta de uma campanha de legalização do aborto.

“No Brasil, as mulheres morrem por abortos malfeitos há décadas”, disse na ocasião. “Nós, como sociedade, pretendemos continuar cúmplices dessa mortandade?”

Marília Gabriela revelou ter abortado na revista “Veja”, de 1997

9. Elke Maravilha

Em entrevista concedida para a revista “Sexy”, em 2014, Elke Maravilha relatou ter realizado três abortos e disse não se arrepender da decisão.

“Não foi nem um pouco difícil. Na hora que eu fiz, estava tudo bem. Nunca tive arrependimento. Ao contrário, fui sábia. Como poucas vezes fui na vida.”

Créditos: Divulgação/Centro Cultural da Juventude

Aborto no Brasil

Como foi dito acima, o aborto induzido no Brasil é crime, com penas de 1 a 3 anos de detenção para a gestante, de 1 a 4 anos para quem realize o procedimento, seja médico ou não, e de 3 a 10 anos para quem levar uma pessoa considerada incapaz ou sem consentimento.

Além dos casos excepcionados pela lei e amparados pela jurisprudência, muitas mulheres recorrem a clínicas ilegais ou a métodos que colocam podem matar.

Por ser ilegal, os dados sobre aborto no país não são precisos e há, como se pode imaginar, muita subnotificação de casos.

De acordo com informações divulgadas pelo próprio Ministério da Saúde, em 2016, o aborto inseguro causou a morte de 203 mulheres naquele ano -mais de uma mulher morta a cada 2 dias.

Um estudo realizado por pesquisadores da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro com dados públicos do Sistema Único de Saúde (SUS), de 2006 a 2015, foram registrados 770 óbitos maternos tendo procedimento abortivo como causa oficial.

Em 2019, o SUS registrou a média de 5 internações diárias de meninas entre 10 e 14 anos por abortar.

Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), 3,2 milhões de abortos inseguros de adolescentes ocorrem por ano nos países pobres.

Vale ressaltar que a liberação do aborto não é uma obrigação de abortar. Em última instância, a mulher poderia escolher dar continuidade  para a gestação ou não.

Aborto no Brasil

MILHARES de mulheres morrem todos os anos por abortos clandestinos, principalmente em países com legislações restritivas ao procedimento. http://bit.ly/2h55c6O28/09 > Dia de Luta pela Descriminalização do Aborto na América Latina e Caribe. #PrecisamosFalarSobreAborto (via Catraca Livre Cidadania)

Posted by Catraca Livre on Thursday, September 28, 2017