Giovanna Ewbank sobre racismo com filhos: ‘Titi entendeu tudo’
"Não confunda a reação do oprimido com a ação do opressor", defendeu Bruno, sobre a esposa ter ido para cima da mulher racista
Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso concederam entrevista exclusiva ao Fantástico sobre o racismo sofrido pelos filhos, Titi e Bless, em uma praia de Portugal, no último sábado, 30.
“A gente estava na praia brincando e, de repente, uma das crianças subiu e falou pra gente o que tinha acontecido. Aí, a gente ficou bem chateado. E começou e vocês viram aquelas imagens”, relatou Gagliasso.
“Quando eu tava dentro do restaurante, [ela] começou a xingar as crianças Titi e Bless, né? E também a família de angolanos que estavam no restaurante que era mais ou menos umas 15 [pessoas]”, acrescentou Giovanna.
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Uma mulher branca, que estava no mesmo restaurante que a família, atacou os filhos do casal de 7 e 9 anos, com xingamentos racistas. Outra família de pessoas angolanas, que estava próximo, também foi vítima das ofensas racistas. Nos vídeos sobre o ocorrido que circulam pelas redes sociais, Giovanna enfrenta a mulher de forma combativa.
O ator contou que o gerente do restaurante solicitou que a agressora deixasse o local, mas houve uma recusa com novos ataques . “Ela se negou a ir embora e começou a xingar alto e a gente ouviu”, falou.
“Foi a primeira vez que a minha filha me viu combatendo o racismo de frente, porque a gente fala muito sobre isso com eles, mas ela nunca tinha me visto combatendo de frente como foi feito. Ela ficou muito assustada. O Bless não percebeu muita coisa, porque ele estava brincando. Mas a Titi entendeu tudo”, conta ela em entrevista.
“Quando a gente percebeu o que estava acontecendo, o Bruno saiu da mesa e foi até o gerente com a mulher para chamar a polícia. Eu vi que tava uma movimentação estranha, vi que a família de angolanos estava um pouco recuada e comecei a entender que era algo racial”, explicou.
Racismo sofrido pelos filhos
Bastante emocionada ao relembrar das cenas, Ewbank chorou ao comentar sobre o racismo escancarado sofrido pelos filhos. Ela também falou sobre o fato de ter conseguido defender os filhos sem sofrer represálias por ser branca.
“É muito cruel pensar que Titi e Bless, que têm 9 e 7 anos, já tem que ser fortes. Que eles já precisam ser preparados para combater o racismo, sendo que com 9 e 7 anos são duas crianças que teriam que estar vivendo sem pensar em absolutamente nada”, lamenta.
“Acho que ela nunca esperava que uma mulher branca fosse combatê-la como eu fui, daquela maneira. Eu sei que eu como mulher branca indo confrontá-la a minha fala vai ser validada. Eu não vou sair como a louca, a raivosa, como acontecesse com tantas outras mães pretas que são leoas assim como eu fui nesse episódio, mas que são invalidadas e são taxadas como loucas e está inventando”, ressalta a podcaster.
A atriz chegou a confirmar que tapeou a mulher depois do ato racista contra seus filhos. O ator, em seguida, a defendeu alegando que o gesto não pode ser classificado como agressão. “Na verdade, ela não agrediu, ela reagiu. Não confunda a reação do oprimido com a ação do opressor”, pontuou o ator.
“A gente sabe que vai acontecer muitas outras vezes. Agora, a gente não tem mais como proteger tanto os nossos filhos do que eles vão ouvir e ver. Então, é continuar fortalecendo os filhos e mostrar o quanto eles são fortes, maravilhosos e tem direito de combater o racismo… Eles precisam estar atento o tempo todo”, disse.
Confira a entrevista:
Comunicado oficial sobre o ocorrido
“Comunicamos que os filhos do casal Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso foram vítimas de racismo no restaurante Clássico Beach Club, na Costa da Caparica, em Portugal, neste sábado, dia 30 de julho, onde a família passa férias. Uma mulher branca, que passava na frente do restaurante, xingou, deliberadamente, não só Títi e Bless, mas também a uma família de turistas angolanos que estavam no local – cerca de 15 pessoas negras. A criminosa pedia que eles saíssem do restaurante e voltassem para a África, entre outras absurdos proferidos às crianças, tais quais ‘pretos imundos’.
Confirmamos, conforme vídeos que já circulam no Brasil, que Giovanna reagiu e enfrentou a mulher, enquanto Bruno Gagliasso, seu marido, chamou a polícia. A mulher foi levada escoltada e presa.
Informamos ainda que Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank prestarão queixa contra a racista formalmente na delegacia portuguesa.
A Trigo Casa de Comunicação lamenta as agressões sofridas por Títi, Bless e os turistas angolanos e apoia integralmente as ações tomadas por Giovanna e Bruno. Racismo é crime”.
Racismo é crime no Brasil
Racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89 e deve sempre ser denunciado, mas muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.
Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.
A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.
No Brasil, há uma diferença quando o racismo é direcionado a uma pessoa e quando é contra um grupo.