Para advogada de vítimas, caso Melhem se trata de ‘tentativa de estupro’
'O que está descrito na matéria vai além do assédio sexual. É uma tentativa de estupro', afirmou Mayra Cotta
A advogada de seis mulheres que acusam o ator e diretor Marcius Melhem por assédio moral e sexual na TV Globo, Mayra Cotta, afirmou nesta sexta-feira, 4, que o caso se trata de ‘tentativa de estupro.
Nesta sexta, o caso envolvendo Marcius Melhem ganhou destaque após a publicação de uma matéria na revista Piauí contendo diversos relator. Em entrevista ao vivo no UOL, Mayra Cotta, advogada das vítimas afirmou: “Desde o início, a gente quer manter a privacidade das vítimas, não expor, dar o tempo que elas precisam. A meu ver, como advogada, o que está descrito na matéria vai além do assédio sexual. É uma tentativa de estupro”.
A advogada explicou que os esforços foram sempre para que as vítimas ficassem fora dos holofotes e que o exposto fosse Marcius Melhem. “Nossa estratégia foi ter o foco sempre nele. Muitas vezes o foco é sempre na vítima e ela acaba sendo novamente exposta. Essa história já mexeu muito com a vida delas, estamos falando de trauma. A gente avança falando sobre o caso e para isso o foco tem de ser em quem toma as condutas”, afirmou Mayra.
Após os relatos de assédio sexual virem à tona, a Globo divulgou uma nota na tarde de hoje dizendo que não comentará a apuração das denúncias por questões de “sigilo do processo”.
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Leia a nota na íntegra:
A Globo não comenta questões de compliance, mas reafirma que todo relato de assédio, moral ou sexual, é apurado criteriosamente assim que a empresa toma conhecimento. A Globo não tolera comportamentos abusivos em suas equipes e incentiva que qualquer abuso seja denunciado. Neste sentido, mantém um canal aberto para denúncias de violação às regras do Código de Ética do Grupo Globo. Por esse Código, assumimos o compromisso de sigilo do processo, assim como o de investigar, não fazer comentários sobre as apurações e tomar as medidas cabíveis, que podem ir de uma advertência até o desligamento do colaborador. Mesmo nas hipóteses de desligamento, as razões de compliance não são tornadas públicas.
Somos muito criteriosos para que os estilos de gestão estejam adequados aos comportamentos e posturas que a Globo quer incentivar e para que as medidas adotadas estejam de acordo com o que foi apurado. Não foi diferente nesse caso. O acolhimento e a empatia com quem relata situações de violação do Código de Ética são pontos essenciais do programa de compliance da empresa.
Isso não quer dizer que os processos de compliance sejam estáticos. Ao contrário. Eles evoluem constantemente para acompanhar as discussões da sociedade. As práticas e as avaliações são revistas o tempo inteiro, assim como são propostas e acolhidas sugestões de melhoria nos mecanismos de comunicação interna. A própria sociedade está se transformando e a empresa acompanha esse processo.
O que fazer caso eu seja vítima de um assédio?
- Peça ajuda a quem estiver por perto e acione policiais que estiverem no local. Depois, registre um boletim de ocorrência na delegacia mais próxima. Casos assim não podem ser registrados por boletim de ocorrência online;
- Guarde todas as informações que conseguir referentes ao assédio: anote o dia, horário e local, nome e contato de testemunhas, características do agressor, tire fotos, filme etc. Verifique também se há câmeras no local do crime, pois, a partir disso, as imagens poderão ser solicitadas. Quando fizer o boletim de ocorrência ou qualquer outro tipo de denúncia, é importante levar o maior número de provas do ocorrido. Isso inclui vídeos e fotos no celular, testemunhas, conversas em redes sociais, entre outras. As autoridades policiais precisam de material para conduzir a investigação e a depender do caso, repassar para o Ministério Público. Muitos casos não seguem por falta de provas ou falta de indícios de quem é o autor;
- Infelizmente, é comum o uso de drogas como “Boa Noite Cinderela” e outras para que a vítima fique sonolenta e mais suscetível ao estupro. Caso o abuso tenha ocorrido através desta prática, é importante que a vítima faça o Exame Toxicológico (através de exame de sangue e urina) em no máximo 5 dias após a ingestão. O ideal é realizar o exame o quanto antes possível;
- Você pode fazer uma denúncia pelos telefones da Polícia Militar (190) e do Disque 180;
- É importante ressaltar que a autoridade policial não pode se recusar a registrar a ocorrência. Infelizmente, há casos em que a autoridade policial tenta dissuadir a vítima de fazer o boletim. Caso isso aconteça, registre uma reclamação na ouvidoria do órgão em que ocorreu a recusa. Sendo ineficaz, procure o Ministério Público local para denunciar a recusa e o crime.
Para saber mais sobre como agir em casos de assédio sexual, clique aqui.