Metade dos brasileiros conhece uma mulher que abortou, diz estudo
Os dados foram divulgados em uma pesquisa inédita do Instituto Locomotiva e da Agência Patrícia Galvão
A maioria dos brasileiros (ou 45%) conhece alguma mulher que já abortou, é o que revela uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto Locomotiva e a Agência Patrícia Galvão, divulgada nesta segunda-feira, dia 4. O levantamento ouviu 1.600 entrevistados, entre homens e mulheres, com 16 anos ou mais, de 12 regiões metropolitanas do Brasil, no período de 27 de outubro a 6 de novembro.
O índice é ainda maior se considerado apenas o público feminino: 52% conhecem alguma mulher que interrompeu a gravidez. O estudo “Percepções sobre o aborto no Brasil” foi realizado com o objetivo de entender a opinião da população em relação às leis atuais e aos direitos reprodutivos.
No entanto, apenas 26% das pessoas se declaram favoráveis a que as mulheres possam decidir por abortar em qualquer caso. Além disso, 50% das entrevistadas afirmam que jamais interromperiam uma gravidez. Já os homens, 48% disseram que não permitiriam que a parceira fizesse um aborto.
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Ainda que a maior parte se declare contra esse direito, oito em cada 10 brasileiros dizem ser favoráveis à interrupção em ao menos uma das seguintes situações: gravidez não planejada; família sem condições financeiras; gestação em meninas com até 14 anos; feto diagnosticado com alguma doença grave ou incurável; risco de vida na gestão e ou no parto; gravidez proveniente de um estupro.
Outro dado preocupante da pesquisa é sobre a criminalização do aborto: 50% declaram concordar que uma gestante que interrompe a gravidez intencionalmente deva ser presa. Mas, no caso de pessoas próximas, 47% não denunciariam uma amiga que decidiu abortar.
O levantamento mostra uma série de contradições nas opiniões do público. Enquanto os dados revelam que muitas pessoas preferem tratar o aborto como crime, 8 em cada 10 brasileiros acreditam que a discussão sobre o tema no Brasil é uma questão de saúde pública ou de direitos.
O estudo surge em meio à Proposta de Emenda Constitucional 181/2015, que quer proibir o aborto em todos os casos, até naqueles previstos em lei, como risco de morte da gestante, gravidez em consequência de estupro e anencefalia do feto.
Confira a pesquisa na íntegra.
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