Dia Nacional de Combate ao Fumo: Por que vale a pena parar?

29/08/2017 17:15 / Atualizado em 04/05/2020 18:01

O dia 29 de agosto é o Dia Nacional de Combate ao Fumo. O tabagismo traz impactos para a saúde – do fumante e pessoas ao seu redor – e financeiros.

Tabagismo impacta em diversos aspectos da saúde e também nas finanças
Tabagismo impacta em diversos aspectos da saúde e também nas finanças - Getty Images/iStockphoto

O consumo dos derivados do tabaco causa cerca de 200 mil mortes por ano no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Segundo a instituição, em 90% dos casos diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao uso desses produtos.

O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável em todo o mundo, vitimando 7 milhões de pessoas por ano . Ele responde, segundo a OMS, por quase 16% de todas as mortes provocadas por doenças crônicas não transmissíveis.

De acordo com o oncologista Manuel Cruz, médico no Instituto de Oncologia do Hospital Santa Paula (IOSP), o câncer de pulmão “é o mais comum entre os tumores malignos e a principal doença relacionada ao cigarro”.

O especialista aponta que a evolução no tratamento oncológico é constante, mas a melhor medida é evitar o cigarro e, consequentemente, as doenças relacionadas a seu consumo.

Oncologista aponta bons motivos para deixar de fumar
Oncologista aponta bons motivos para deixar de fumar - Getty Images/iStockphoto

Consequências do tabagismo

O tabaco é um fator importante no desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como câncer, doenças pulmonares e cardiovasculares. Segundo Manuel, os principais malefícios para o corpo são:

  1. Boca: mau hálito, irritação da gengiva, aparecimento de cáries, alteração nas papilas gustativas (que afeta o paladar) e aumento do risco de câncer de boca.
  2. Cérebro: a dificuldade de circulação sanguínea pode comprimir os vasos e aumentar a pressão arterial, aumentando os riscos de ter um derrame cerebral.
  3. Coração: aumento do colesterol total, da pressão arterial e da frequência cardíaca, que pode subir até 30% durante as tragadas. Além disso, todo fumante é mais propenso a ter infarto.
  4. Corrente sanguínea: o fumante está mais sujeito a problemas relacionados à circulação como aneurisma, trombose, varizes e tromboangeíte obliterante, que afeta as extremidades do corpo, podendo levar à amputação de membros.
  5. Estômago: náuseas e irritação das paredes do estômago. As substâncias tóxicas do cigarro também podem gerar gastrite, úlcera e câncer no estômago.
  6. Fígado: a nicotina é metabolizada no fígado e, consequentemente, aumenta a chance de desenvolver câncer no órgão.
  7. Pulmão: os tecidos dos pulmões perdem a elasticidade e são destruídos aos poucos. A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) manifesta-se de duas maneiras: enfisema pulmonar e bronquite crônica. Das mortes provocadas por esses problemas, 85% estão associadas ao cigarro. Ela geralmente se desenvolve depois de muitos anos de agressão aos tecidos do pulmão por causa das toxinas do cigarro.

O bolso não fica de fora

O Grupo Oncoclínicas, de assistência aos pacientes com câncer, acaba de lançar a campanha “#E se eu parar de fumar”, que disponibiliza uma calculadora virtual que mostra quanto uma pessoa pode economizar ao largar o tabagismo, além dos benefícios progressivos à saúde a cada etapa após abandonar o cigarro. Veja aqui.

Como largar o cigarro?

Especialista dá dicas para quem quer parar de fumar
Especialista dá dicas para quem quer parar de fumar - Getty Images/iStockphoto

Veja abaixo as dicas do oncologista Manuel Cruz:

  1. No Brasil, o tratamento farmacológico é o mais conhecido e inclui o uso de adesivos e goma de mascar.
  2. Existem vários grupos de apoio antitabagistas para orientar os pacientes que desejam parar de fumar. As pessoas se reúnem em grupos de autoajuda no mínimo uma vez por semana. Em alguns casos essa frequência pode ser ajustada para mais dias por semana.
  3. A abstinência é normal e dura somente alguns minutos. Neste momento, é aconselhável beber água, mascar chiclete ou comer algum doce.
  4. A pessoa deve evitar o álcool e café, pois essas bebidas estimulam a vontade de fumar.
  5. A prática de exercício físico contribui muito na melhora respiratória. As atividades mais indicadas são natação, caminhada, corrida e ciclismo.
  6. Evitar ao máximo o contato com outro fumante, estipulando a área externa como o único ambiente possível para quem quiser fumar, de preferência longe de quem está deixando o hábito.
  7. O apoio dos familiares é fundamental para o sucesso da recuperação do ex-fumante. Se o tabagista está em tratamento, é importante que a família e amigos saibam lidar com as possíveis recaídas. Em média, é na terceira tentativa que a interrupção definitiva é alcançada pelo paciente.

Tatiana Veloso, diretora médica e pneumologista do Laboratório Exame, aponta alguns benefícios de largar o vício: “Após 20 minutos sem fumar, a pressão arterial e a frequência cardíaca voltam ao normal. Em 24 horas a quantidade de monóxido de carbono no sangue cai pela metade e em menos de 1 ano a capacidade respiratória melhora em 10%”, explica.

Além disso, a médica acrescenta que em 2 anos a chance de infarto cai pela metade, e em 10 anos um ex-tabagista terá o mesmo risco de infarto e de desenvolver um câncer que um indivíduo que nunca fumou.

Queda no consumo

Um estudo divulgado pelo Ministério da Saúde em 2016 constatou que 1,8 milhão de adolescentes entre 12 e 17 anos já experimentou cigarro ao menos uma vez, o que representa 18,5% dos jovens nessa faixa etária em todo o País. Em 2009, este número era 24%.

Entre os adultos, houve redução de 33,8% no número de fumantes nos últimos dez anos: 10,4% da população das capitais brasileiras ainda mantêm o hábito de fumar. Em 2006, esse percentual era de 15,7% para o conjunto das capitais.

Para o Inca, o aumento dos impostos e preços dos cigarros é a medida mais efetiva para reduzir o consumo. Estudos indicam que um aumento de preços na ordem 10% é capaz de reduzir o consumo de produtos derivados do tabaco em cerca de 8% em países de baixa e média renda, como o Brasil.