Jejum adotado por celebridades não é tão efetivo, aponta estudo
Usado como aliado para manter a forma por famosas como Deborah Secco, Gwyneth Paltrow, Jennifer Lopez e Beyoncé, o jejum intermitente se tornou popular. A dieta consiste em intercalar períodos de alimentação e horas, ou até um dia, sem comer.
Porém, essa técnica não é tão efetiva quanto se pensava. É o que aponta estudo da Universidade de Illinois, em Chicago, Estados Unidos, publicado nesta segunda-feira, 1, no JAMA Internal Medicine.
Os pesquisadores acompanharam um grupo de cem voluntários que estavam acima do peso, dividindo-os em três grupos: o primeiro manteve a alimentação; o segundo fez uma dieta baseada na contagem de calorias; e o terceiro seguiu o jejum intermitente.
O resultado constatou que pessoas do último grupo consumiam apenas 25% de sua ingestão calórica ideal nas poucas horas que podiam se alimentar no dia do jejum, mas nos outros dias ingeriam 125%.
Após 6 meses, os indivíduos que seguiram a dieta restritiva emagreceram tanto quanto as pessoas do grupo que apenas reduziu seu consumo calórico diário em 25%. Esses dois grupos estavam aproximadamente 6% mais magros que o primeiro grupo, que não realizou nenhum tipo de dieta.
Técnica requer acompanhamento especializado e análise caso a caso
O Catraca Livre conversou com Tatiana Marques Marzano, especializada em nutrição clínica e esportiva, que frisou que existem pessoas que se adaptam ou não a práticas como essa. “O ideal seria não buscar orientações na internet, mas sim com um profissional especializado. Juntos, eles verão se é adequado para o paciente realizar esse tipo de dieta e qual protocolo (tempos de alimentação e pausa) é mais apropriado para cada caso”, afirma.
A profissional diz que, infelizmente, muitas pessoas buscam dietas e resultados milagrosos, que não existem. Segundo ela, o correto é melhorar a qualidade das refeições, diminuindo o consumo de comidas industrializadas e priorizando as naturais.
“Se a pessoa já tem uma alimentação saudável, pratica exercícios e, ainda assim, precisa perder peso, podemos estudar outras estratégias”, diz Tatiana.
A nutricionista explica que existem vários protocolos de jejum intermitente, alguns mostram efeitos positivos como a perda de gordura e manutenção de massa muscular, o que é considerado um emagrecimento de qualidade.
Além disso, essa técnica pode ajudar na manutenção do peso ao final do processo, o que é mais difícil conseguir com outras dietas.
Porém, Tatiana aponta que em protocolos muito restritivos, como os em que a pessoa fica 20 horas do dia em jejum ou deixa de comer em dias alternados, não há apenas perda de gordura, mas de massa muscular. “Também aumenta a fome, o que pode levar a desenvolver um transtorno alimentar, ou seja, compulsão”, diz a profissional.
Ela lembra ainda que, além da primeira consulta, é importante realizar o acompanhamento com o profissional, para verificar se o efeito está sendo o esperado e se é indicado seguir, rever ou até parar esse tipo de dieta.
“As pessoas vão muito por moda, receitas da internet, e podem ter mais prejuízo que benefícios, como perda de massa muscular ou desenvolver transtornos alimentares. A melhor estratégia é aquela que conseguimos manter em longo prazo, ou seja, realmente mudança de estilo de vida, alimentação e exercícios”, finaliza Tatiana.