3 fatores que aumentam as chances de um AVC incapacitante

AVC grave pode deixar marcas permanentes, mas com ações preventivas simples é possível reduzir os riscos

25/04/2025 17:40

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte e incapacidade no mundo. Embora seja amplamente conhecido que fatores como hipertensão, arritmias cardíacas e tabagismo aumentam o risco de sofrer um AVC, um novo estudo publicado na revista Neurology revela um dado ainda mais alarmante: essas condições estão diretamente ligadas não apenas ao risco, mas à gravidade do AVC, com maior chance de desfechos catastróficos, como perda de mobilidade, dependência total e até morte.

Fatores de risco que agravam o AVC

O estudo internacional analisou mais de 13 mil casos de AVC ao redor do mundo e mostrou que hipertensão arterial, fibrilação atrial (um tipo de arritmia cardíaca) e o tabagismo estão fortemente associados aos AVCs mais graves — aqueles que destroem a independência e reduzem drasticamente a qualidade de vida.

Segundo os dados, pessoas com pressão alta têm uma probabilidade 3,2 vezes maior de sofrer um AVC grave, comparado àqueles sem hipertensão. Já quem apresenta fibrilação atrial possui risco 4,7 vezes maior, enquanto fumantes têm 1,9 vez mais chance de sofrer um AVC incapacitante em relação a não fumantes.

A gravidade foi medida pela Escala de Rankin modificada (mRS), que avalia o grau de dependência funcional após o AVC. AVCs considerados graves são aqueles com pontuação de 4 a 6, indicando desde a perda da capacidade de caminhar até a morte.

Pressão alta, fibrilação atrial e tabagismo aumentam as chances de um AVC grave
Pressão alta, fibrilação atrial e tabagismo aumentam as chances de um AVC grave - Pornpak Khunatorn/istock

Por que esses fatores tornam o AVC mais grave?

  • Hipertensão arterial danifica os vasos sanguíneos, favorecendo tanto o AVC isquêmico (causado por obstrução) quanto o hemorrágico (causado por rompimento de vasos).
  • Fibrilação atrial aumenta a formação de coágulos, que podem bloquear artérias cerebrais importantes, causando danos extensos.
  • Tabagismo afeta a circulação, promove inflamações nos vasos e acelera o envelhecimento vascular, agravando os efeitos de um AVC.

O estudo também identificou que AVCs hemorrágicos são mais propensos a serem graves do que os isquêmicos, e que coágulos que afetam áreas maiores do cérebro, como a “circulação anterior total”, resultam em desfechos mais sérios. Isso explica por que a fibrilação atrial, associada a coágulos maiores, está ligada aos casos mais severos.

Curiosamente, a gordura abdominal, medida pela relação cintura-quadril, mostrou-se mais relacionada a AVCs leves do que graves. Ainda não se sabe ao certo por que isso acontece, mas o achado sugere que o local onde a gordura é armazenada pode influenciar a severidade do AVC, um dado que ainda precisa ser mais investigado.

Desigualdade global nos casos de AVC

A pesquisa também revelou disparidades preocupantes entre regiões. O Sul da Ásia e a África apresentaram os maiores índices de AVC grave, com mais de 50% dos casos levando à incapacidade severa. Já regiões como Europa Ocidental, América do Norte e Austrália tiveram os menores índices (cerca de 18%).

Essas diferenças podem ser atribuídas à falta de acesso a cuidados preventivos e diagnóstico precoce, especialmente em países de baixa e média renda. A hipertensão não tratada, por exemplo, é uma epidemia silenciosa em muitas dessas regiões.

Prevenção do AVC

A boa notícia é que todos os principais fatores de risco para AVC grave são modificáveis. Controlar a pressão arterial, tratar adequadamente a fibrilação atrial e abandonar o cigarro são atitudes que não apenas reduzem o risco de ter um AVC, mas diminuem significativamente a chance de sofrer uma forma grave e incapacitante da doença.