A cafeína no seu sangue pode estar afetando sua gordura corporal

Estudo relacionou níveis mais elevados de cafeína a um IMC mais baixo e risco reduzido de diabetes

08/02/2024 13:35

Os níveis de cafeína no sangue podem afetar a quantidade de gordura corporal do seu corpo, um fator que, por sua vez, pode determinar o risco de desenvolver diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. Essa é a descoberta de um estudo publicado no ano passado no jornal científico BMJ Medicine.

A pesquisa utilizou marcadores genéticos para estabelecer uma ligação mais definitiva entre os níveis de cafeína, o IMC (índice de massa corporal) e o risco de diabetes tipo 2.

Segundo as descobertas, níveis mais elevados de cafeína foram associados a um IMC mais baixo.

A equipe de pesquisadores, do Instituto Karolinska, na Suécia, da Universidade de Bristol, no Reino Unido, e do Imperial College London, no Reino Unido, disse que as bebidas com cafeína sem calorias poderiam ser exploradas como um meio potencial de ajudar a reduzir os níveis de gordura corporal.

Substância do café ajuda não perder a memória
Substância do café ajuda não perder a memória - Depositphotos

Qual foi a metodologia do estudo?

O estudo envolveu dados de pouco menos de 10.000 pessoas coletados de bancos de dados genéticos existentes, concentrando-se em variações em genes específicos ou próximos a eles, conhecidos por estarem associados à velocidade com que a cafeína é decomposta.

Em geral, aqueles com variações que afetam os genes – nomeadamente o CYP1A2 e um gene que o regula, chamado AHR – tendem a decompor a cafeína mais lentamente, permitindo-lhe permanecer no sangue por mais tempo. No entanto, eles também tendem a beber menos cafeína em geral.

Os pesquisadores usaram uma abordagem chamada randomização mendeliana para determinar prováveis ​​relações causais entre a presença de variações, doenças como diabetes, massa corporal e fatores de estilo de vida.

Descobertas

Embora houvesse uma ligação significativa entre os níveis de cafeína, o IMC e o risco de diabetes tipo 2, não surgiu nenhuma relação entre a quantidade de cafeína no sangue e as doenças cardiovasculares.

Estudos anteriores associaram um aumento moderado e relativo no consumo de cafeína a uma melhor saúde cardíaca e a um IMC mais baixo. E a nova pesquisa acrescenta mais detalhes ao que já se sabia sobre os efeitos que o café tem no corpo.

É importante também ter em mente que os efeitos da cafeína no corpo não são todos positivos. Isso significa que é preciso ter cuidado ao avaliar os benefícios de consumi-la. Mas este último estudo é um passo importante para avaliar a quantidade ideal de cafeína.

“Ensaios pequenos e de curto prazo mostraram que a ingestão de cafeína resulta na redução do peso e da massa gorda, mas os efeitos a longo prazo da ingestão de cafeína são desconhecidos”, explicaram os pesquisadores.

Possível explicação

A equipe acredita que a associação pode estar relacionada à forma como a cafeína aumenta a termogênese (produção de calor) e a oxidação da gordura (transformando gordura em energia) no corpo, ambas desempenhando um papel importante no metabolismo geral.

No entanto, mais pesquisas serão necessárias para confirmar causa e efeito. Embora este estudo tenha envolvido uma grande amostra, a randomização não é infalível, e ainda é possível que outros fatores estejam em jogo que não foram considerados neste estudo.

Como a cafeína acelera o metabolismo?

A cafeína pode acelerar o metabolismo, principalmente através de dois mecanismos principais: estimulação do sistema nervoso central e do aumento da termogênese. Isso pode levar a uma maior queima de calorias e utilização de gordura como fonte de energia.

No entanto, é importante ter em mente que os efeitos da cafeína podem variar de pessoa para pessoa. Além disso, o consumo excessivo de cafeína pode ter efeitos negativos para a saúde.

Estimulação do sistema nervoso central

A cafeína atua como um estimulante, aumentando a atividade do sistema nervoso central. Isso pode levar a um aumento na liberação de neurotransmissores como a noradrenalina e a dopamina, que estão envolvidos na regulação do metabolismo. A noradrenalina, em particular, pode estimular o metabolismo, aumentando a taxa de queima de calorias e a utilização de gordura como fonte de energia.

Aumento da termogênese

A cafeína também pode aumentar a termogênese, que é o processo pelo qual o corpo gasta energia para produzir calor. Estudos mostraram que a cafeína pode aumentar a taxa metabólica basal (quantidade de calorias que o corpo queima em repouso). E pode também aumentar a oxidação de gordura, especialmente durante atividades físicas.