A terapia de ação rápida que é a nova esperança contra a depressão grave

A depressão afeta milhões de pessoas em todo o mundo e, embora os tratamentos convencionais como antidepressivos e terapia sejam eficazes para muitos, cerca de um terço dos pacientes não responde a essas abordagens. Para aqueles que sofrem de depressão resistente ao tratamento, uma nova técnica pode oferecer esperança. Pesquisadores da Universidade de Cambridge e da China desenvolveram um método inovador de estimulação cerebral que pode melhorar os sintomas em apenas cinco dias.

O que é a estimulação magnética transcraniana?

A estimulação magnética transcraniana repetitiva é um tratamento não invasivo que usa pulsos magnéticos aplicados ao cérebro por meio de um dispositivo colocado sobre o couro cabeludo. Essa técnica já é aprovada para tratar a depressão, mas normalmente exige sessões diárias ao longo de quatro a seis semanas, um período que pode ser difícil para muitos pacientes.

A nova abordagem proposta pelos cientistas envolve a estimulação de duas áreas cerebrais simultaneamente, reduzindo o tempo de tratamento para apenas cinco dias. De acordo com os pesquisadores do estudo, esse método ajuda a corrigir desequilíbrios cerebrais, restaurando a comunicação entre regiões envolvidas na regulação emocional e na percepção de experiências positivas.

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Equilíbrio da atividade cerebral

A depressão está associada a um desequilíbrio na atividade cerebral. Algumas áreas tornam-se hipoativas (com pouca atividade), enquanto outras se tornam hiperativas (excesso de atividade). O tratamento tradicional com TMS tem como alvo apenas uma dessas regiões: o córtex pré-frontal dorsolateral, localizado no lado esquerdo do cérebro. Essa região desempenha um papel crucial na regulação do humor, pensamento e memória, e sua baixa atividade está ligada a sintomas depressivos.

A nova abordagem adiciona a estimulação do córtex orbitofrontal (OFC), localizado no lado direito do cérebro. Essa área é responsável pelo processamento de recompensas e experiências negativas. Em pessoas com depressão, o OFC tende a ser hiperativo, fazendo com que os pacientes se concentrem mais em eventos negativos e tenham dificuldade em sentir prazer. A estimulação simultânea dessas duas regiões visa reequilibrar a atividade cerebral, proporcionando uma melhora mais rápida dos sintomas.

A estimulação magnética transcraniana surgiu nos anos 1980 como uma solução inovadora para a depressão, oferecendo uma abordagem sem necessidade de medicação ou cirurgia. No entanto, o tratamento tradicional requer visitas diárias a clínicas especializadas por semanas, o que pode ser inviável para muitos pacientes. A nova abordagem de estimulação magnética transcraniana de dupla região promete resultados mais rápidos e eficazes, tornando o tratamento mais acessível.

Os resultados do estudo

Para avaliar a eficácia da nova abordagem, os pesquisadores realizaram um estudo com 75 participantes diagnosticados com depressão resistente ao tratamento. Todos estavam tomando antidepressivos, mas sem melhora significativa após pelo menos seis semanas de uso. Os participantes foram divididos em três grupos:

• Grupo 1: recebeu a nova TMS de dupla região.
• Grupo 2: recebeu a TMS tradicional em uma única região combinada com um placebo.
• Grupo 3: recebeu apenas um tratamento placebo.

Os pesquisadores usaram a Escala de Avaliação de Hamilton para Depressão, que analisa 24 aspectos da depressão, incluindo humor, sono, apetite, energia e pensamentos suicidas. Além disso, exames cerebrais foram realizados antes e depois do tratamento para avaliar a comunicação entre diferentes áreas do cérebro.

Os resultados foram promissores:

• 48% dos pacientes tratados com a TMS de dupla região apresentaram melhora imediata, comparado a 18,2% no grupo de TMS única e apenas 4,3% no grupo placebo.
• Muitos pacientes relataram uma sensação de “leveza e clareza” já no segundo dia de tratamento.
• Após quatro semanas, cerca de 60% dos pacientes nos grupos de tratamento ativo mostraram uma melhora significativa, contra 22% no grupo placebo.

Segurança e efeitos colaterais

Embora eficaz, o tratamento não está isento de desconforto. Aproximadamente metade dos pacientes que receberam a TMS de dupla região relataram dor no local da aplicação, contra apenas 9% no grupo de TMS única. Além disso, dores de cabeça leves a moderadas foram registradas em 19% dos participantes. No entanto, nenhum paciente abandonou o estudo, sugerindo que o tratamento foi bem tolerado.

Os pesquisadores agora buscam entender melhor por que alguns pacientes respondem melhor ao tratamento do que outros e qual seria o intervalo ideal para sessões de manutenção.