Componente antiaderente aumenta risco de câncer no fígado; que tipo de panela é melhor?

Todos os anos, 700 mil pessoas morrem devido ao câncer de fígado no mundo

12/08/2022 11:41

O sulfonato de perfluorooctano (PFOS) está diretamente ligado ao tipo mais comum de câncer de fígado, o carcinoma hepatocelular não viral, segundo uma pesquisa divulgada pela Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos. O resultado indica que o uso do produto aumenta em 4,5 vezes o risco de desenvolver a doença.

Apesar de o nome não ser famoso, esse elemento (PFOS) está presente em componentes antiaderentes, comuns em panelas e frigideiras. Por isso, o estudo assombra quem procura utensílios que possibilitam uma vida mais saudável.

O teflon é um elemento comum nas panelas
O teflon é um elemento comum nas panelas - Lisa Fotios/Pexels

O PFOS faz parte de um grupo de produtos químicos artificiais, as substâncias per-e polifluoroalquil (PFAS), usados para conceder antiaderência, impermeabilidade e resistência a manchas a diversos produtos.

“O câncer de fígado é um dos desfechos mais graves da doença hepática e esse é o primeiro estudo em humanos a mostrar que as PFAS estão ligadas a essa doença”, afirmou Jesse Goodrich, pesquisador do Departamento de População e Ciências da Saúde Pública da Keck School of Medicine.

A suspeita sobre os efeitos cancerígenos da substância não é nova -essa associação foi feita pela primeira vez em 1970 em trabalhadores industriais nos EUA. A partir da década de 1990, pesquisadores passaram a coletar dados sobre a relação da substância com o desenvolvimento de doenças hepáticas.

O teflon é associado a uma substância chamada PFOA (ácido perfluorooctanóico). Há evidências, em diversos estudos, que a exposição a esse produto pode produzir efeitos adversos à saúde, fato já divulgado pela American Cancer Society.

E agora, o que faço com a minha panela?

Nem toda panela tem sulfonato de perfluorooctano (PFOS), ligado ao tipo mais comum de câncer de fígado
Nem toda panela tem sulfonato de perfluorooctano (PFOS), ligado ao tipo mais comum de câncer de fígado - Hans/Pixabay

Depois de anos de uso, fica difícil saber (e até de lembrar) qual a procedência ou a marca de uma panela ou frigideira. O tempo de troca desses utensílios de cozinha depende muito do material de que são feitos e do estado em que se encontram. Alguns sinais visíveis da necessidade de trocar são revestimentos descascados e arranhados ou com rachaduras, manchas e amassados.

Quando escolher um novo produto, preste atenção nas instruções. Desde que sejam usadas seguindo as orientações do fabricante de manutenção e cuidadas para que o revestimento não seja danificado, existem muitas panelas seguras no mercado.

O teflon é um elemento comum nas panelas, mas o alumínio, um excelente e barato condutor de calor, é o metal mais presente nas cozinhas brasileiras.

No entanto, também há estudos mostrando que o alumínio pode se soltar na comida e, devido à neurotoxicidade desse metal, está relacionado a diversos males, como o desenvolvimento de Alzheimer.

Para evitar a superexposição ao alumínio, retire a comida depois de cozinhar e armazene em outro recipiente – um de vidro, por exemplo. Para lavar a panela, use uma esponja suave para evitar o desgaste do metal.

Estudo da Universidade do Sul da Califórnia revelou: antiaderente eleva 4,5 vezes o risco de câncer
Estudo da Universidade do Sul da Califórnia revelou: antiaderente eleva 4,5 vezes o risco de câncer - Gary Barnes/Pexels

Muitas panelas de alumínio possuem uma cobertura de segurança que pode se danificar e expor o alimento a um material tóxico.

Panelas de cobre, além de bonitas (e caras), são ótimas para conduzir o calor e têm boa durabilidade. Instrumentos de cobre são especialmente queridos por quem faz doces ou produz aguardente.

No Brasil, entretanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabeleceu que esses utensílios devem conter um revestimento (ouro, prata, níquel ou estanho) para evitar a absorção do cobre, que também é nocivo à saúde.

Há panelas de inox, por exemplo, que combinam materiais, e vale o mesmo princípio: depende do que é o revestimento e o quanto ele foi desgastado pelo uso e pelo tempo. Esse material é resistente, mas não é tão bom condutor de calor, por isso algumas marcas usam um fundo de alumínio.

Quais os tipos de panelas mais ‘saudáveis’

Ferro

Resistente e capaz de alcançar altas temperaturas, a panela de ferro fundido, apesar de pesada, é ótima para cozinhar, dura uma vida e não leva risco à saúde. Algumas partículas de ferro são liberadas durante o uso, mas a substância é absorvida pelo corpo sem nocividade e não interfere no sabor da comida. O material requer manutenção para não manter resíduos ou enferrujar.

Cerâmica

As panelas constituídas totalmente por cerâmica esmaltada são livres de tóxicos e não porosas
As panelas constituídas totalmente por cerâmica esmaltada são livres de tóxicos e não porosas - Hans/Pixabay

As panelas feitas totalmente por cerâmica e com revestimento esmaltado, se feitas com os materiais certos, são livres de tóxicos e não absorvem cheiros e sabores. As constituídas de barro sem revestimento podem acumular restos indesejáveis por serem porosas.

Como desvantagem, elas são mais pesadas, quebram com facilidade e distribuem o calor de forma irregular, além de poder ter restrições quanto à temperatura direta no fogão.

Vidro

As panelas de vidro não liberam resíduos ou toxinas nos alimentos e, por isso, são totalmente seguras. Tal como as de cerâmica, elas não distribuem a temperatura de maneira uniforme e requerem mais cuidado para não quebrar, especialmente com um choque térmico.

O vidro não deixa cheiro ou sabor, e isso influencia positivamente no cozimento dos alimentos, mas é preciso certa habilidade e atenção para não queimar a comida.