Estudo mostra efeitos promissores de antidepressivo contra covid
Medicamento, que é vendido com receita controlada, reduziu risco de internação prolongada
O antidepressivo fluvoxamina pode reduzir as hospitalizações prolongadas entre pacientes com covid-19 com perfis de maior risco, segundo um estudo que contou com pesquisadores brasileiros, canadenses e norte-americanos. Os resultados da pesquisa foram publicados nesta quarta-feira, 28, no jornal científico The Lancet Global Health.
Segundo os autores do estudo, quando usada precocemente em pacientes ambulatoriais com comorbidades, a fluvoxamina pode diminuir em até 32% as internações.
Os pesquisadores disseram que o antidepressivo é capaz de diminuir a inflamação causada pelo novo coronavírus quando usado no início da infecção.
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Testes em pacientes sintomáticos
Os testes foram realizados em 11 cidades de Minas Gerais com 1.497 voluntários brasileiros não vacinados, com teste PCR positivo para a doença.
Os participantes eram sintomáticos e tinham pelo menos um fator de alto risco para a covid-19, que poderia ser diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, doença pulmonar, asma, obesidade, transplantes, câncer, entre outros. A idade média dos voluntários era de 50 anos.
Os participantes foram separados em dois grupos: o do antidepressivo e o do placebo, substância sem qualquer tipo de efeito para o organismo.
Eles tomaram as medicações duas vezes ao dia por 10 dias, sem que os médicos soubessem realmente que tratamento estavam administrando.
Entre os participantes que receberam o remédio no atendimento de emergência, 79 precisaram ser internados e ficaram mais de seis horas em um ambiente de emergência.
Já entre os que tomaram o placebo, 119 necessitaram de mais de seis horas de internação.
Segundo os pesquisadores, os resultados demonstraram uma redução absoluta no risco de hospitalização prolongada ou atendimento de emergência prolongado de 5% e uma redução do risco relativo de 32%.
Em relação aos óbitos, os pesquisadores afirmaram que, entre os pacientes que tomaram pelo menos 80% das doses, houve apenas uma morte. Já no grupo que não o medicamento, foram registrados 12 óbitos.
Os pesquisadores relataram ainda que não encontram diferenças significativas no número de eventos adversos emergentes do tratamento entre os pacientes nos grupos fluvoxamina e placebo.
Fluvoxamina
A fluvoxamina é uma medicação que inibe seletivamente a recaptação da serotonina nos neurônios cerebrais e é indicada no tratamento da depressão e do transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e só é vendida com receita controlada.
Apesar do resultado do estudo ser considerado promissor, os pesquisadores não recomendam que as pessoas se automediquem, pois são necessários mais ensaios para definir um protocolo com dosagem e tempo ideal de uso.