Anvisa aprova novo remédio para insônia que age de forma inédita no cérebro
O lemborexante, eleito o melhor tratamento para insônia pela Universidade de Oxford, promete menos dependência e efeitos colaterais
Dormir bem pode estar mais perto de se tornar realidade para milhões de brasileiros que sofrem com insônia. A cacaba de aprovar o lemborexante, medicamento vendido sob o nome comercial Dayvigo, da farmacêutica japonesa Eisai. O remédio, já utilizado nos Estados Unidos desde 2019, tem um mecanismo de ação inédito no cérebro e foi considerado pela Universidade de Oxford o melhor entre 36 alternativas avaliadas em um estudo publicado na The Lancet.
Como o novo remédio age
O lemborexante atua bloqueando os sinais que nos mantêm acordados, ao invés de “desligar” completamente o cérebro, como fazem os benzodiazepínicos e as drogas Z (como o zolpidem). Essa abordagem parece reduzir o risco de dependência, sonambulismo e insônia rebote ao interromper o uso. A dose recomendada é de 5 mg uma vez por noite, podendo ser aumentada para 10 mg, sempre com prescrição médica.
Desde os anos 1960, os benzodiazepínicos são amplamente usados para tratar insônia e transtornos de ansiedade, mas seu uso prolongado está associado a dependência e prejuízos cognitivos. A chegada do lemborexante oferece uma alternativa mais segura, preenchendo uma lacuna no tratamento de longo prazo.

Desafios do tratamento da insônia
Especialistas alertam que o tratamento da insônia deve começar com mudanças de hábitos e higiene do sono, como reduzir o uso de telas antes de dormir, evitar cafeína e álcool no fim do dia e manter horários regulares de sono.
A Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia (TCC-I) segue sendo o padrão-ouro, mas para pacientes com menos de 6 horas de sono por noite e prejuízo significativo na qualidade de vida, o uso de medicamentos pode ser indicado.
Quando chega ao brasil
Segundo a farmacêutica Eisai, o lançamento no Brasil depende da definição de preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), mas a expectativa é que o Dayvigo chegue “o mais breve possível”. Nos EUA, a caixa com 30 comprimidos custa cerca de US$ 300, aproximadamente R$ 1.600 na cotação atual.
No país, o consumo de medicamentos para dormir é elevado. Dados da Anvisa mostram que quase 16 milhões de caixas de zolpidem foram vendidas no último ano, três vezes mais do que há uma década. Especialistas reforçam que, mesmo com novas opções, o uso de remédios deve ser feito com a menor dose possível e por tempo limitado, sempre com acompanhamento médico.