Autópsias mostram que coronavírus se espalha pelo corpo todo
Estudo observou que traços virais do SARS-CoV-2 estavam em diferentes órgãos do corpo e tecidos
Os resultados de um estudo feito a partir de autópsias de 44 pessoas que morreram com covid-19 mostram como o coronavírus se espalha não apenas pelo sistema respiratório, mas por todo o corpo, incluindo o cérebro.
O artigo publicado na revista Nature em dezembro destaca o alcance da carga da infecção, com fragmentos virais encontrados em 79 dos 85 locais do corpo dos pacientes.
“Nossos resultados mostram que, embora a maior carga de SARS-CoV-2 esteja nos tecidos respiratórios, o vírus pode se disseminar por todo o corpo”, dizem os autores.
- Já ouviu falar de transplante de sobrancelha? Veja curiosidades sobre o procedimento
- Como reconhecer a deficiência de vitamina K e seus efeitos no corpo?
- Atletas de final de semana: 5 principais fatores que podem levar à artrose do joelho
- Carnes processadas elevam risco de hipertensão, mostra estudo brasileiro
Eles afirmam ainda que o vírus foi capaz de se espalhar para vários órgãos e sistemas, mesmo em pacientes que morreram uma semana após sentirem os primeiros sintomas.
As 44 pessoas que passaram por autópsias para esta pesquisa eram todas não vacinadas contra a doença. A idade média dos indivíduos foi de 62,5 anos, muitos com três ou mais comorbidades.
Em geral, as autópsias mostraram que embora houvesse uma carga significativamente maior de RNA do SARS-CoV-2 nos tecidos respiratórios, o vírus foi capaz de invadir mais de 35 tipos de células e membranas em diferentes sistemas do corpo.
Vírus resistente por meses
Das 44 autópsias, 11 foram autópsias de corpo inteiro e cérebro, fornecendo a imagem mais completa da disseminação viral nesses indivíduos.
Destes 11, os dois com menor duração entre o início dos sintomas e a morte – quatro dias e cinco dias – apresentaram a maior quantidade de níveis de RNA viral no sistema respiratório, com níveis elevados também encontrados no sistema cardiovascular e no tecido óptico, entre outros.
O indivíduo que teve a duração mais longa entre o início dos sintomas e a morte – 230 dias – foi hospitalizado várias vezes e acabou morrendo de complicações de transplante de pulmão. Embora ele não fosse mais positivo para covid, havia traços virais em várias partes do corpo dele, incluindo o sistema respiratório, o coração, o tecido dos olhos e o cérebro.
Isso indica que o vírus pode permanecer no corpo de alguns pacientes por meses, segundo os pesquisadores.
A causa da morte variou entre os indivíduos. Trinta e oito morreram de covid-19, enquanto seis morreram de outro problema central enquanto tinham covid-19. Daqueles que foram mortos pelo vírus, 35 tiveram pneumonia aguda ou danos pulmonares graves no momento da morte.