Autópsias mostram que coronavírus se espalha pelo corpo todo

Estudo observou que traços virais do SARS-CoV-2 estavam em diferentes órgãos do corpo e tecidos

10/01/2023 09:09

Os resultados de um estudo feito a partir de autópsias de 44 pessoas que morreram com covid-19 mostram como o coronavírus se espalha não apenas pelo sistema respiratório, mas por todo o corpo, incluindo o cérebro.

O artigo publicado na revista Nature em dezembro destaca o alcance da carga da infecção, com fragmentos virais encontrados em 79 dos 85 locais do corpo dos pacientes.

Autópsias mostram que coronavírus se espalha pelo corpo todo
Autópsias mostram que coronavírus se espalha pelo corpo todo - koto_feja/istock

“Nossos resultados mostram que, embora a maior carga de SARS-CoV-2 esteja nos tecidos respiratórios, o vírus pode se disseminar por todo o corpo”, dizem os autores.

Eles afirmam ainda que o vírus foi capaz de se espalhar para vários órgãos e sistemas, mesmo em pacientes que morreram uma semana após sentirem os primeiros sintomas.

As 44 pessoas que passaram por autópsias para esta pesquisa eram todas não vacinadas contra a doença. A idade média dos indivíduos foi de 62,5 anos, muitos com três ou mais comorbidades.

Em geral, as autópsias mostraram que embora houvesse uma carga significativamente maior de RNA do SARS-CoV-2 nos tecidos respiratórios, o vírus foi capaz de invadir mais de 35 tipos de células e membranas em diferentes sistemas do corpo.

Imagem ampliada mostra o vírus SARS-CoV-2 em diferentes órgãos do corpo
Imagem ampliada mostra o vírus SARS-CoV-2 em diferentes órgãos do corpo - reprodução/Nature

Vírus resistente por meses

Das 44 autópsias, 11 foram autópsias de corpo inteiro e cérebro, fornecendo a imagem mais completa da disseminação viral nesses indivíduos.

Destes 11, os dois com menor duração entre o início dos sintomas e a morte – quatro dias e cinco dias – apresentaram a maior quantidade de níveis de RNA viral no sistema respiratório, com níveis elevados também encontrados no sistema cardiovascular e no tecido óptico, entre outros.

O indivíduo que teve a duração mais longa entre o início dos sintomas e a morte – 230 dias – foi hospitalizado várias vezes e acabou morrendo de complicações de transplante de pulmão. Embora ele não fosse mais positivo para covid, havia traços virais em várias partes do corpo dele, incluindo o sistema respiratório, o coração, o tecido dos olhos e o cérebro.

Isso indica que o vírus pode permanecer no corpo de alguns pacientes por meses, segundo os pesquisadores.

A causa da morte variou entre os indivíduos. Trinta e oito morreram de covid-19, enquanto seis morreram de outro problema central enquanto tinham covid-19. Daqueles que foram mortos pelo vírus, 35 tiveram pneumonia aguda ou danos pulmonares graves no momento da morte.