Bactérias na boca podem estar ligadas ao desenvolvimento de demência

Estudo descobriu que certas bactérias estavam associadas a melhores pontuações em testes cognitivos, enquanto outras estavam associadas a piores resultados

03/02/2025 17:20

Muitas pessoas sabem que escovar os dentes e usar fio dental são essenciais para evitar cáries e doenças gengivais, mas poucos conhecem a relação entre a saúde bucal e a função cerebral. Um novo estudo revela conexões surpreendentes entre as bactérias da boca e o risco de demência à medida que envelhecemos.

A descoberta do estudo

Pesquisadores da Universidade de Exeter analisaram as bactérias bucais de 120 adultos mais velhos, metade deles com comprometimento cognitivo leve, condição que pode prejudicar a memória e aumentar o risco de demência. Os resultados, publicados no PNAS Nexus, apontaram que dois tipos de bactérias, Neisseria e Haemophilus, estavam associadas a melhor desempenho cognitivo. Já a bactéria Prevotella foi relacionada a pontuações mais baixas em testes de memória e pensamento.

Relação com o gene APOE4 e Alzheimer

Um dos achados mais relevantes envolveu o gene APOE4, que aumenta o risco da doença de Alzheimer. Pessoas com esse gene apresentaram níveis elevados de Prevotella intermedia, sugerindo que fatores genéticos podem influenciar a composição bacteriana oral e, possivelmente, o risco de declínio cognitivo.

Uma pesquisa envolvendo 120 adultos mais velhos descobriu que certas bactérias bucais estavam associadas à demência
Uma pesquisa envolvendo 120 adultos mais velhos descobriu que certas bactérias bucais estavam associadas à demência - kirstypargeter/istock

Doença gengival e declínio cognitivo

Outra descoberta relevante foi a presença elevada da bactéria Porphyromonas gingivalis em participantes com comprometimento cognitivo leve. Essa bactéria é conhecida por causar doença gengival e reforça a evidência da relação entre saúde bucal e declínio cognitivo.

A combinação de Neisseria e Haemophilus apresentou a associação estatística mais forte com melhor desempenho cognitivo, principalmente em indivíduos com comprometimento leve. Embora o estudo não comprove que essas bactérias melhoram diretamente a cognição, ele destaca a importância da saúde bucal na manutenção da função cerebral.

Para pessoas portadoras do gene APOE4, a atenção à higiene bucal pode ser especialmente relevante. Mais pesquisas são necessárias para determinar se estratégias odontológicas específicas podem ajudar a reduzir o risco de declínio cognitivo. Contudo, manter uma rotina de cuidados bucais pode ser um passo importante para preservar tanto a saúde oral quanto a cerebral.