Baixa escolaridade e mais 11 fatores podem levar à demência, diz estudo

O objetivo do estudo é mapear a influência de diferentes condições no declínio cognitivo

Fatores de risco que levam à demência, segundo estudo
Créditos: iStock/Chinnapong
Fatores de risco que levam à demência, segundo estudo

Um estudo conduzido pela Universidade de São Paulo (USP) revelou os 12 fatores de risco mais associados ao desenvolvimento de demência no Brasil. De acordo com os resultados obtidos, cinco desses fatores estariam relacionados a cerca de 32% dos casos da doença no país.

A pesquisa buscou mapear a influência de várias condições que podem levar à demência entre os brasileiros, utilizando dados do Estudo Longitudinal de Envelhecimento no Brasil (ELSI-Brasil), que contou com a participação de 9.412 pessoas de diferentes regiões, níveis socioeconômicos e etnias, com idade média de 63 anos.

Fatores de risco identificados

Segundo os especialistas, quase metade (48,2%) de todos os casos de demência poderiam ser evitados ou ao menos retardados se fossem controladas 12 condições reconhecidas como fatores de risco para doenças como Alzheimer e deterioração cognitiva em geral. Esses fatores de risco incluem:

  1. Baixa escolaridade, especialmente em indivíduos com menos de oito anos de estudo;
  2. Perda auditiva;
  3. Hipertensão;
  4. Obesidade;
  5. Diabetes;
  6. Consumo excessivo de álcool;
  7. Lesões traumáticas no cérebro;
  8. Sedentarismo;
  9. Depressão;
  10. Tabagismo;
  11. Isolamento social;
  12. Poluição atmosférica.

Resultados do estudo

Os resultados destacam que a principal causa de declínio cognitivo no Brasil é a baixa escolaridade (7,7%), seguida da hipertensão (7,6%), perda auditiva (6,8%), obesidade (5,6%) e inatividade física (4,5%). Juntos, esses cinco fatores contribuem para 32% dos casos da doença.

No entanto, a ordem dos principais fatores de risco varia entre os participantes que se declararam brancos e aqueles que se declararam negros ou pardos. Para os brancos, a hipertensão, a baixa escolaridade e a perda auditiva são os três principais fatores de risco, enquanto para os negros e pardos, a ordem é baixa escolaridade, hipertensão e perda auditiva.

Claudia Kimie Suemoto, geriatra da USP e primeira autora do estudo, destaca que alguns fatores de risco são modificáveis.

“É claro que é impossível eliminar totalmente esses fatores de risco, mas fica a mensagem de que as políticas públicas de prevenção de demência devem ter 12 alvos claros e, em situações de poucos recursos, o foco deve ir para aqueles de maior importância”, afirmou.

A pesquisadora enfatiza também que os principais fatores de risco estão presentes no início da vida, como a baixa escolaridade, e na meia-idade, como hipertensão, perda auditiva e obesidade. Isso demonstra que a prevenção deve começar cedo.