Brasil confirma caso de mucormicose, infecção que se espalha na Índia

Doença provocada por fungo causa mutilações e mortes em 50% dos casos

01/06/2021 15:55 / Atualizado em 03/06/2021 16:58

O Amazonas confirmou nesta terça-feira, 1º, um caso de mucormicose em um paciente que veio a óbito em 16 de abril. A informação foi divulgada pela Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado. A infecção popularmente chamada de “fungo preto” foi diagnosticada em um homem de 56 anos que tinha histórico de diabetes tipo 2 e fazia uso de insulina.

O  homem foi internado com sintomas gripais, mas testou negativo para a covid-19. Posteriormente, apresentou coceira no olho direito, que avançou para uma infecção, quadro semelhante com o de mucormicose. A partir daí, o caso passou a ser investigado.

Além desse caso no Amazonas, outro suspeito está em investigação em Santa Catarina. Trata-se de um paciente de 52 anos, que teve covid-19 e tem histórico de comorbidades (diabetes mellitus e artrite reumatoide). Ele está internado em um hospital particular de Joinville.

Brasil tem dois casos suspeitos de doença popularmente chamada de fungo preto, que causa mutilações e morte
Brasil tem dois casos suspeitos de doença popularmente chamada de fungo preto, que causa mutilações e morte - BobYue/istock

O que é a mucormicose (fungo preto)?

A infecção mucormicose tem se espalhado na Índia entre pacientes com covid-19, que já estão com a saúde debilitada.

“Há algum tempo a Índia vem relatando aumento dos números da mucormicose e curiosamente é também o segundo país em casos de diabetes melito do mundo, o que pode ser fator de predisposição ao seu surgimento. Dos 101 casos dessa micose oportunista relacionados à covid-19 descritos recentemente, 82 deles aconteceram na Índia”, afirma a coordenadora do Departamento de Micoses da SBD, Rosane Orofino.

A doença é causada pela exposição ao fungo da família Mucoraceae, comumente encontrado no solo, plantas, esterco e frutas e vegetais em decomposição.

O fungo comumente ataca os seios nasais, é aspirado para os pulmões e pode atingir mucosas e o cérebro. Muitas vezes, são necessárias mutilações por meio de cirurgias para retirar a parte do corpo afetada. O quadro mata mais de 50% dos pacientes acometidos.

Os recentes casos durante a pandemia de covid-19 tem chamado atenção dos especialistas no mundo. Há uma forte suspeita de que a mucormicose esteja sendo causada pelo uso de esteroides, drogas usadas ​​para tratar pacientes graves com covid-19.

Acontece que os esteroides, embora ajudem a reduzir a inflamação nos pulmões causada pelo coronavírus, reduzem a imunidade e provoca aumento das taxas glicêmicas no sangue. Assim, criam um ambiente propício para a infecção fúngica.