Cheiro na pia? Estudo mostra por que o mau odor surge – e como eliminá-lo de forma eficaz

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que doenças transmitidas por alimentos infectam 600 milhões de pessoas por ano, com 420 mil mortes

20/06/2025 14:45

Estudo identificou milhões de bactérias e fungos em itens associados à pia — principalmente na lixeira, esponja e ralo – gemenacom/iStock
Estudo identificou milhões de bactérias e fungos em itens associados à pia — principalmente na lixeira, esponja e ralo – gemenacom/iStock - Getty Images/iStockphoto

Um odor desagradável na pia da cozinha pode ir além de um incômodo olfativo: ele pode sinalizar a proliferação de microrganismos que ameaçam a saúde.

Um levantamento da UniMetrocamp Wyden, em Campinas (SP), testou três meses em nove residências e encontrou milhões de bactérias e fungos em itens associados à pia — principalmente na lixeira, esponja e ralo — incluindo patógenos como E. coli, Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus, com potencial para causar infecções e sintomas como diarreia, febre e vômitos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que doenças transmitidas por alimentos infectam 600 milhões de pessoas por ano, com 420 mil mortes. Além disso, um estudo da USP identificou práticas comuns de risco — como lavar carnes cruas direto na pia — que favorecem a dispersão desses microrganismos no ambiente. 

Por que o cheiro aparece

Cheiros ruins geralmente surgem da decomposição de resíduos orgânicos (gorduras, restos de alimentos) presos no ralo, que fermentam e liberam gases como amônia ou trimetilamina. O acúmulo de umidade, impulsionado pelos espaços escuros e úmidos, forma o ambiente ideal para a proliferação bacteriana  

O que dizem os especialistas

A NSF International relatou que pias domésticas podem concentrar germes 100 mil vezes mais do que banheiros, com até 1 milhão de bactérias por metro quadrado em 14% das pias analisadas. O mesmo relatório sugere limpar e desinfetar pias uma ou duas vezes por semana, além de higienizar ralos e lixeiras mensalmente.

Bicarbonato de sódio e vinagre – izzetugutmen/iStock
Bicarbonato de sódio e vinagre – izzetugutmen/iStock - izzetugutmen/istock

Como limpar e evitar o cheiro ruim — com respaldo científico

Limpeza diária com água quente e sabão

– Remove resíduos de alimentos e gordura, evitando a proliferação bacteriana.

Bicarbonato + vinagre para desobstruir e desodorizar 

– A reação efervescente entre bicarbonato e vinagre quebra a camada de sujeira.

Desinfecção periódica com vinagre ou álcool

– O ácido acético do vinagre neutraliza compostos voláteis como trimetilamina e amônia — responsáveis pelo odor — além de ter ação antibacteriana. Já o uso de álcool (ou até vodka) em imersão ocasional também foi recomendado para higienização .

Limão para aroma e limpeza leve

– O suco de limão, contendo ácido cítrico, proporciona limpeza suave e fragrância natural

 Manutenção dos acessórios da pia

– Lixeira de pia deve ser evitada ou higienizada diariamente (lavagem com água quente ou água sanitária)

Esponjas precisam ser ferrridas, micro-ondas ou trocadas semanalmente, pois acumulam até 1,3 milhão de bactérias. Ralos e rodos devem ser limpos com água quente e, de preferência, água sanitária regularmente.

Como eliminar o cheiro ruim?

Diariamente: lavar pia, bancada e ralo com água quente e sabão; enxaguar bem, secar com pano limpo ou papel.
Semanalmente: jogar 2 colheres de bicarbonato no ralo, adicionar 2 colheres de vinagre (maçã ou branco), aguardar 15 minutos e enxaguar com água bem quente (literalmente fervente). Após, borrifar vinagre ou álcool e deixar agir antes de enxaguar.

A cada 7–10 dias: usar limão (metade sobre superfície ou ralo), deixar agir e homogenizar limpeza.
Manutenção de utensílios: trocar esponjas semanalmente; limpar lixeira, filtro e ralo (remoção de resíduos direto com luva, seguida de lavagem com água quente e sanitização com água sanitária).

Qual o veredicto?

Combinar práticas caseiras (bicarbonato + vinagre, limão, água quente) com desinfetantes básicos permite combater odores e a proliferação bacteriana na pia da cozinha.

O respaldo de estudos da UniMetrocamp, USP e NSF reforça: a rotina de limpeza deve ir além da aparência, visando higienização profunda e prevenção de doenças transmissíveis por alimentos. Chegar à pia livre de mau cheiro, então, é mais do que estética — é saúde pública doméstica.


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