Ciência sugere que esta bebida pode proteger contra Alzheimer

Pesquisadores dizem que as descobertas preliminares podem abrir caminho para o desenvolvimento de outros compostos bioativos contra a doença

15/07/2024 08:31

Compostos no café expresso podem inibir um processo que se acredita estar envolvido no início da doença de Alzheimer. Essa é a descoberta de um estudo conduzido em laboratório com a bebida.

Pesquisas recentes já haviam sugeriram que o café pode ter efeitos benéficos contra certas doenças neurodegenerativas, incluindo o Alzheimer.

A ação dos compostos da bebida sobre a doença

O estudo, publicado no Journal of Agricultural and Food Chemistry, analisou se os compostos do café expresso poderiam prevenir a agregação da proteína tau in vitro.

Acredita-se que a doença se origina a partir do acúmulo dessa proteína no cérebro. 

Pesquisadores da Universidade de Verona, na Itália, extraíram doses de café expresso de grãos comprados em lojas e caracterizaram sua composição química usando espectroscopia de ressonância magnética nuclear.

Estudo em laboratório descobre que café expresso pode prevenir sintomas de Alzheimer
Estudo em laboratório descobre que café expresso pode prevenir sintomas de Alzheimer - halfpoint/DepositPhotos

Eles escolheram cafeína e trigonelina, ambos alcaloides, o flavonoide genisteína e a teobromina, um composto também encontrado no chocolate, para se concentrar em experimentos posteriores.

Essas moléculas, juntamente com o extrato completo do café expresso, foram incubadas junto com uma forma encurtada da proteína tau por até 40 horas.

À medida que a concentração de extrato de café expresso, cafeína ou genisteína aumentava, as fibrilas tau ficavam mais curtas.

Fibrilas encurtadas foram consideradas não tóxicas para as células e não agiram como “sementes” para agregação posterior. Em outros experimentos, os pesquisadores observaram que a cafeína e o extrato de café expresso podiam ligar fibrilas tau pré-formadas.

A equipe explicou que muitos dos ingredientes do café, como a cafeína e a genisteína, podem atravessar a barreira entre o sangue e o cérebro para produzir efeitos protetores.

Embora muito mais pesquisas sejam necessárias, a equipe diz que suas descobertas preliminares podem abrir caminho para o desenvolvimento de outros compostos bioativos contra doenças neurodegenerativas.

Alzheimer

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 55 milhões de pessoas vivam com algum tipo de demência, sendo a mais comum a doença de Alzheimer, que atinge sete entre dez indivíduos nessa situação em todo o mundo.

O diagnóstico da doença de Alzheimer geralmente envolve uma combinação de avaliação clínica, exames neuropsicológicos, neuroimagem e, em alguns casos, análise do líquido cefalorraquidiano para detectar níveis anormais de tau e outras proteínas.

Embora não exista cura para o Alzheimer, tratamentos disponíveis podem ajudar a gerenciar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.

Sinais e sintomas de Alzheimer

  • perda de memória
  • dificuldade de concentração
  • desorientação de tempo e lugar
  • alterações de humor
  • dificuldade em realizar tarefas cotidianas

Conforme a doença progride, os pacientes podem desenvolver dificuldade em falar, engolir e andar.

Os fatores de risco para Alzheimer

envelhecimento é um importante fator de risco para a doença de Alzheimer, pois causa alterações no cérebro. Após os 65 anos, o número de pessoas com doença de Alzheimer duplica a cada cinco anos, de acordo com a OMS.

Outras condições de saúde e traumatismos cranianos também podem aumentar o risco de desenvolver a doença de Alzheimer.

Algumas das alterações relacionadas à idade que podem ocorrer no cérebro incluem atrofia, inflamação, danos vasculares e aumento da produção de moléculas instáveis ​​conhecidas como radicais livres.

Essas alterações afetam os neurônios do cérebro e contribuem para a progressão da doença de Alzheimer.

No entanto, a doença de Alzheimer não é uma parte normal do envelhecimento. O cérebro encolhe consideravelmente à medida que a condição progride.

Outros fatores de risco que envolvem o estilo de vida incluem consumo excessivo de álcool, maus hábitos de sono, fumar ou exposição ao fumo passivo.

Condições de saúde como diabetes, doença cardíaca, pressão alta e colesterol alto também aumentam o risco, especialmente entre pessoas com 50 anos ou mais.