Cientista que estudava efeitos do coronavírus no cérebro morre de covid

Segundo a família, ele não tinha comorbidades e mesmo assim teve 90% dos pulmões comprometidos

24/05/2021 16:58

O jovem cientista paraense Nilton Barreto dos Santos morreu em decorrência da doença que investigava. Aos 34 anos, ele foi mais uma vítima da covid-19, mas deixou um legado para a ciência. Após sua morte, ele teve parte do pulmão, do coração e do cérebro coletados para que a pesquisa desenvolvida por ele e seus colegas continue avançando. O biomédico estudava o impacto do novo coronavírus no cérebro.

O objetivo era entender se o vírus, que ataca e mata os neurônios, seria capaz de aumentar as chances de desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, como demência, por exemplo.

A autópsia feita em Nilton, autorizada pela família, visa ajudar a decifrar os mistérios do coronavírus e entender porque a doença tem atingido de maneira letal os jovens.

nilton barreto

Cientista que estudava efeitos do coronavírus no cérebro morre de covidA viúva de Nilton, Sâmia Maracaípe, contou em entrevista à BBC Brasil que o marido não tinha comorbidades e mesmo assim teve a forma grave da doença.

Segundo ela, Nilton teve teve 90% dos pulmões comprometidos e seu quadro se agravou muito rapidamente. Ao todo, ele ficou internado por dois meses no hospital Emílio Ribas.

Nilton fazia pós-doutorado no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, onde desenvolveu um estudo para o processo de inflamação do cérebro, principalmente gerado pelo estresse, e como isso modifica o funcionamento das células e contribuiu para a depressão, por exemplo.