Cientista que estudava efeitos do coronavírus no cérebro morre de covid
Segundo a família, ele não tinha comorbidades e mesmo assim teve 90% dos pulmões comprometidos
O jovem cientista paraense Nilton Barreto dos Santos morreu em decorrência da doença que investigava. Aos 34 anos, ele foi mais uma vítima da covid-19, mas deixou um legado para a ciência. Após sua morte, ele teve parte do pulmão, do coração e do cérebro coletados para que a pesquisa desenvolvida por ele e seus colegas continue avançando. O biomédico estudava o impacto do novo coronavírus no cérebro.
O objetivo era entender se o vírus, que ataca e mata os neurônios, seria capaz de aumentar as chances de desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, como demência, por exemplo.
A autópsia feita em Nilton, autorizada pela família, visa ajudar a decifrar os mistérios do coronavírus e entender porque a doença tem atingido de maneira letal os jovens.
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Cientista que estudava efeitos do coronavírus no cérebro morre de covidA viúva de Nilton, Sâmia Maracaípe, contou em entrevista à BBC Brasil que o marido não tinha comorbidades e mesmo assim teve a forma grave da doença.
Segundo ela, Nilton teve teve 90% dos pulmões comprometidos e seu quadro se agravou muito rapidamente. Ao todo, ele ficou internado por dois meses no hospital Emílio Ribas.
Nilton fazia pós-doutorado no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, onde desenvolveu um estudo para o processo de inflamação do cérebro, principalmente gerado pelo estresse, e como isso modifica o funcionamento das células e contribuiu para a depressão, por exemplo.