Cientistas criam método capaz de reconhecer Alzheimer pela fala
Tecnologia, que usa inteligência artificial, ainda está em fase de validação
Cientistas da Universidade de Boston (EUA) criaram um método capaz de identificar sinais precoces da doença de Alzheimer, com base no padrão de fala das pessoas.
No entanto, o tamanho da amostra utilizada no estudo foi pequeno e os especialistas alertam que tal ferramenta não deve ser considerada um método exclusivo.
O estudo foi publicado em 25 de junho na revista Alzheimer’s & Dementia.
Detalhes da pesquisa
Utilizando um modelo de processamento de linguagem natural, os investigadores tentaram verificar se as pessoas com declínio cognitivo ligeiro desenvolveriam Alzheimer num período de seis anos.
Eles se concentraram em uma coorte de 166 pessoas – 107 mulheres e 59 homens – com idades entre 63 e 97 anos que apresentavam algum nível de queixas cognitivas.
Os pesquisadores gravaram entrevistas de uma hora com cada participante. Essas entrevistas formaram os dados que foram analisados pela ferramenta de IA.
Do total de participantes, 90 pessoas tiveram declínios progressivos, enquanto 76 permaneceram estáveis.
Mas o que os investigadores descobriram foi que, ao combinarem ferramentas de reconhecimento de fala e aprendizagem automática, poderiam rastrear conexões entre padrões de fala e declínio cognitivo.
O modelo que desenvolveram, embora com uma amostra pequena, foi capaz de prever declínio cognitivo significativo com 78,5% de precisão, dizem os pesquisadores.
Como a IA pode ajudar os pacientes com Alzheimer?
A demência afeta diretamente mais de 55 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo que 70% dessas pessoas têm a doença de Alzheimer.
Os sintomas mais comuns da doença de Alzheimer são perda de memória, défices cognitivos, problemas de fala, reconhecimento, consciência espacial e alterações significativas na personalidade e no comportamento.
Como a doença de Alzheimer é progressiva, estes sintomas são geralmente leves no início e tendem a tornar-se mais graves com o tempo.
De acordo com a equipe de pesquisa, a ferramenta de IA poderia ajudar permitindo a intervenção precoce com tratamentos para retardar a doença. Além disso, melhoraria a acessibilidade a avaliações cognitivas através de rastreios automatizados e remotos.
Apesar disso, a ferramenta ainda está em fase de validação, e os testes incluíram apenas em indivíduos com comprometimento cognitivo leve, com idade entre 63 e 97 anos.
O próximo passo é adaptar a tecnologia para um aplicativo de celular, assim, ficará mais acessível a pacientes com alto risco de desenvolver a doença.
Quais os fatores de risco para o Alzheimer?
O envelhecimento é um importante fator de risco para a doença de Alzheimer, pois causa alterações no cérebro. Após os 65 anos, o número de pessoas com doença de Alzheimer duplica a cada cinco anos, de acordo com a OMS.
Outras condições de saúde e traumatismos cranianos também podem aumentar o risco de desenvolver a doença de Alzheimer.
Algumas das alterações relacionadas à idade que podem ocorrer no cérebro incluem atrofia, inflamação, danos vasculares e aumento da produção de moléculas instáveis conhecidas como radicais livres.
Essas alterações afetam os neurônios do cérebro e contribuem para a progressão da doença de Alzheimer.
No entanto, a doença de Alzheimer não é uma parte normal do envelhecimento. O cérebro encolhe consideravelmente à medida que a condição progride.
Outros fatores de risco que envolvem o estilo de vida incluem consumo excessivo de álcool, maus hábitos de sono, fumar ou exposição ao fumo passivo.
Condições de saúde como diabetes, doença cardíaca, pressão alta e colesterol alto também aumentam o risco, especialmente entre pessoas com 50 anos ou mais.