Cientistas criam miniórgãos a partir de células-tronco do útero
A técnica é promissora para estudar doenças uterinas e desenvolver novas terapias
Os pesquisadores cultivaram com sucesso minórgãos a partir de células-tronco colhidas em gestações ativas e tardias pela primeira vez.
“Mini-órgãos”, também chamados de organoides, são estruturas minúsculas que podem ser usadas para testar novos tratamentos médicos ou estudar como os órgãos reais com os quais se assemelham funcionam quando saudáveis ou doentes.
“Essas células são muito importantes porque naquele pequeno organoide estão contidas todas as funções do epitélio, portanto da camada interna daquele órgão, então podemos replicar todas essas funções em uma placa de Petri que é importante tanto para o desenvolvimento quanto para a compreensão do doença, por exemplo, do feto”, disse Paolo de Coppi, professor de cirurgia pediátrica na University College London.
Os miniórgãos eram anteriormente derivados de células-tronco adultas ou tecido fetal após um aborto.
Avanço em tratamento
Pesquisadores da University College London e da Great Ormond Street, no Reino Unido, acreditam que esse avanço poderá abrir novas áreas da medicina pré-natal. As descobertas saíram na revista Nature Medicine.
Acredita-se que 3% dos recém-nascidos têm uma doença congênita que poderia ser monitorada e tratada antes do nascimento por este tipo de seleção de células estaminais.
A nova abordagem também poderia ajudar a desenvolver terapias personalizadas para eles.
É possível que esses organoides sejam úteis, por exemplo, para entregar genes ao feto no futuro.
As células específicas do tecido que a equipe coletou flutuavam no líquido amniótico, proveniente do rim, do pulmão e do intestino do feto.
Como o trabalho poderia ajudar nas doenças congênitas?
Numa aplicação do seu trabalho em colaboração com investigadores na Bélgica, a equipe cultivou organoides pulmonares a partir de células de fetos com hérnia diafragmática congênita, uma condição rara em que um buraco no diafragma faz com que outros órgãos se movam para o peito.
Eles compararam os organoides com fetos saudáveis antes e depois do tratamento. Alguns tratamentos envolvem a inserção de um balão na traqueia do bebê para expandir os pulmões.
A equipe disse que foi possível observar uma melhora no pós-tratamento pulmonar com os organoides.
Os pesquisadores dizem que outras doenças frequentemente tratadas por cirurgia fetal, terapia genética ou terapia celular podem se beneficiar do novo método.
É possível que esses organoides sejam úteis, por exemplo, para entregar genes ao feto no futuro. Portanto, usar as células fetais para entregar o gene que está faltando ou precisa de correção, diretamente ao feto, sem que essas células sofram rejeição porque vêm do próprio feto”, disse Coppi.
A pesquisa ainda está em fase experimental. Um total de 50 mulheres já participaram do estudo, mas são necessárias mais pesquisas.